Política
Deputado petista denuncia perseguição de ‘bolsonaristas’ da Igreja Católica
Pedro Kemp diz ter sido excluído das funções que exercia na igreja e que fiéis tentam prejudica-lo
Sábado, 08 Outubro de 2022 - 09:50 | Redação
Reeleito para seu sétimo mandato consecutivo como deputado estadual, o ex-seminarista Pedro Kemp (PT), de 60 anos, divulgou uma carta aberta na qual denuncia estar sendo perseguido por lideranças da Igreja Católica em Campo Grande (MS).
Segundo ele, sacerdotes ‘bolsonaristas’ o teriam excluído de trabalhos em comunidades católicas. Além disso, no domingo das eleições, 2 de Outubro, foi alvo de constrangimento após fiéis católicos filmarem sua saída da igreja e disseminarem o vídeo.
Em eleições anteriores, o nome de Pedro Kemp figurava com frequência na lista de candidatos recomendados aos católicos. Porém, a situação teria mudado radicalmente por motivações políticas, conforme o parlamentar.
“Hoje sou vetado nos espaços onde sempre atuei como leigo, nos serviços, movimentos e pastorais como persona non grata. Já não sou mais confiável. Pergunto-me sobre o que aconteceu nestes últimos tempos: eu mudei ou foi minha Igreja?”, questiona na carta aberta.
Kemp disse que seus problemas começaram em uma comunidade católica localizada no Carandá Bosque. Segundo ele, o pároco, da ocasião, era um militante ‘bolsonarista’ ativo nas redes sociais e divulgava vídeos pedindo voto dos católicos para Jair Bolsonaro nas eleições de 2018.
“Aos poucos, sutil e covardemente, sem qualquer diálogo comigo, excluiu-me de todas as funções que eu exercia, chegando até mesmo a retirar da comunidade os serviços e pastorais para que eu não atuasse mais como catequista”, relata.
Mas, o que provocou a divulgação da carta, foi um episódio no domingo de eleição. O deputado afirma que estava na igreja e que a celebração transcorria normalmente até que o final o padre passou a induzir sutilmente que os fiéis votassem no presidente Bolsonaro e nos candidatos da direita e da extrema-direita.
“(...) Reproduzia as acusações que estes costumam fazer à esquerda e ao presidente Lula, falando de aborto, “ideologia de gênero”, de casais homoafetivos, de liberação de drogas, etc”, relata.
Kemp resolveu deixar a igreja e apressou-se para votar. “Ao me retirar do templo, percebi que estava sendo filmado, mas nunca poderia imaginar que alguém (quem sabe um cristão autêntico, defensor da família, de Deus, da Pátria e da liberdade) pudesse fazer um vídeo para postar nas redes sociais e nos grupos de igreja, procurando reprovar meu comportamento e queimar minha imagem como político e como católico”, contou.
“Algumas horas depois, comecei a receber o vídeo de amigos e amigas que me conhecem, indignados com a atitude do “irmão”, que não teve a hombridade de me procurar e me perguntar por que saí da igreja e que usou desse expediente covarde para me atacar”, completa.
O vídeo viralizou. Segundo Kemp, não foi a primeira vez que católicos fizeram algo para prejudicar sua reeleição. A carta publicada pelo deputado pode ser lida na íntegra clicando aqui.
O Diário Digital busca contato com os paróquias mencionadas pelo deputado estadual na carta aberta. A reportagem procurou ainda a Arquidiocese de Campo Grande que informou o seguinte: “Até o momento não temos a demanda interna de apresentar um posicionamento sobre a carta aberta. Estamos apenas acompanhando.”
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