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Justiça mantém dois presos da Omertà II
Quarta-feira, 18 Março de 2020 - 16:01 | Redação
Os quatro homens que foram presos em flagrante por posse irregular de arma de fogo durante cumprimento dos mandados de busca e apreensão da segunda fase da Operação Omertà, passaram por audiência de custódia, no Fórum de Campo Grande, na manhã desta quarta-feira (18). Os irmãos Jorge Betzkowski Leite e Rodrigo Betzkowski tiveram a prisão convertida para preventiva e Marcos Felipe Fonseca da Silva e Lucimar Calixto Ribeiro foram liberados mediante pagamento de fiança.
Um dos alvos da operação era Rodrigo Betzkowski. Conta ele havia um mandado de busca e apreensão na propriedade rural em que o acusado mora com a família, na saída para Rochedo. Porém, quando os polícias chegaram ao local, segundo o interrogatório de Jorge, ele teria se assustado, acreditando se tratar de ladrões e deu um tiro para cima de dentro de seu quarto.
Na propriedade da família, os policiais encontraram diversas armas, munições e objetos de uso exclusivo da Polícia Civil, como um distintivo. Os irmãos foram presos em flagrante e devido a quantidade de armas ilegais que serão periciadas, a delegada solicitou a justiça que convertesse a prisão em preventiva.
Sobre a prisão de Marcos Felipe Fonseca da Silva, a justiça determinou uma fiança de R$2,5 mil para que ele possa responder o processo em liberdade. Marcos foi preso na propriedade rural do Conselheiro do Tribunal de Contas de Mato Grosso do Sul (TCE), Jerson Domingos, em Rio Verde do Mato Grosso. Na fazenda, foram apreendidos revólveres, espingarda e diversas munições, além de uma moto com registro de roubo.
Em depoimento, Marcos disse que o armamento foi entregue pelo patrão, Jerson Domingos, para fazer a segurança da propriedade. Sobre a moto, ele alegou que também teria sido adquirida pelo conselheiro para transporte dos funcionários, com ordens de que o veículo só fosse utilizado na fazenda.
Para Lucimar Calixto Ribeiro, preso por policiais do BOPE por posse irregular de arma de fogo, em sua casa no Bairro Santa Emília, em Campo Grande, a justiça estipulou uma fiança de cinco salários mínimos.
Retorno a prisão – Nesta terça-feira (17), ainda durante o cumprimento de mandados da Omertà foi conduzido para o Garras, Lucas Silva Costa, depois que a polícia encontrou duas munições de calibre 38 na casa dele, no Bairro Cidade Morena.
Lucas foi liberado ao pagar fiança e horas depois, na madrugada desta quarta-feira (18) foi preso novamente por policiais do Batalhão de Choque da PM com a uma arma de fogo. A polícia recebeu uma denúncia de que o investigado estaria com um carro importado e a arma. Na casa dele, no quarto, a polícia encontrou um revólver calibre 38, com cinco munições.
Segunda fase Ormertà – Foi um bilhete escrito em um pedaço de papel higiênico apreendido na cela entre as de Jamil Name e Jamil Name Filho, no Presídio Federal de Mossoró (RN), que desencadeou a segunda fase da operação, nesta terça-feira (17). Nas anotações, escritas a mão, estavam instruções claras para matar dois promotores do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado) e um delegado do Garras (Delegacia Especializada de Repressão a Roubo a Banco, Assalto e Sequestro).
No bilhete apreendido em fevereiro deste ano pelo DEPEN (Departamento Penitenciário Nacional), dois advogados de Name são citados, um com escritório em Mato Grosso do Sul e outro na Paraíba. Eles seriam os responsáveis por comunicar pessoalmente a ordem de atentado às pessoas identificadas nas anotações pelos nomes de "Cintia" e "Jerson".
O nome do ex-guarda municipal Marcelo Rios preso com um arsenal, em maio de 2019, em uma casa que pertence a Jamil Name, no Biarro Monte Líbano, também aparece nas anotações. Conforme o texto: “Jamil passou para que Marcelo assumir tudo e tirar ele e o pai desse B.O que ele terá todo o suporte necessário que ele precisar e vai dar R$100 mil para ele”.
Ainda nas anotações o autor do bilhete afirma: “Recados para mandar matar delegado, promotor 1 e promotor 2 e pegar também a família do delegado”. (Por segurança, os nomes estão sendo preservados)
Durante a nova fase da Omertà, O GAECO e o Garras, com o apoio do Batalhão de Choque e do BOPE da Polícia Militar (PM) cumpriram 18 mandados de busca a apreensão em Campo Grande, Sidrolândia, Aquidauana, Rio Verde e Rio Negro. Além de João Pessoa (PB), no escritório do advogado Adailton Raulino Vicente da Silva, ex-delegado da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. Ele foi exonerado do cargo há mais de 20 anos por uso de documento falso.
Na capital, também foi cumprido mandado de busca e apreensão na casa de Tereza Name, esposa de Jamil Name, Cinthya Name e de Jerson Domingos onde a polícia apreendeu dois revólveres sem registro.
O conselheiro do TCE foi encaminhado a sede do Garras para prestar esclarecimentos e após interrogatório foi liberado sem o pagamento de fiança por exercer um cargo que só permite prisão em casos de flagrante de crime inafiançável.
René Siufi, advogado de Jamil Name e de Jerson Domingos, teve acesso ao processo que corre em sigilo referente a segunda fase da Omertà, na tarde desta quarta-feira (18), depois de solicitação a justiça.
Sobre o processo de Jerson Domingos, que segundo o advogado tem 237 páginas, o mandado de busca e apreensão está ligado ao bilhete em que supostamente ele é citado. “Não há fundamento nenhum neste bilhete e todo o processo me parece bastante fantasioso”, afirmou Siufi.
A respeito da suposta ligação de Jamil Name ao bilhete, o advogado reafirmou que o cliente “não tem participação nenhuma na autoria e, inclusive, está em um presídio federal em RDD (Regime Disciplinar Diferenciado), onde a segurança é reforçada e não teria nem mesmo caneta ou contato com outros detentos”.
Ao todo, na segunda fase da operação foram apreendidas 741 munições, sete revólveres, nove armas longas, quatro rádios comunicadores, dois distintivos da Polícia Civil, uma algema, uma moto com registro de roubo e mais de R$ 200 mil em dinheiro.
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