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"Sempre falava que queria separar", conta avó de Natalin
Ex-militar Tamerson Ribeiro encara júri popular pelo feminicídio de Natalin Nara
Sexta-feira, 25 Novembro de 2022 - 10:34 | Victória de Oliveira e Thays Schneider
!["Sempre falava que queria separar", conta avó de Natalin](https://cdn.diariodigital.com.br/uploads/noticias2/2022/11/25/2022-11-25-10-27-49.jpg)
A avó de Natalin Nara Garcia de Freitas Maia, Aucilete Albuquerque foi a primeira a ser ouvida durante júri popular do ex-militar da Aeronáutica Tamerson Ribeiro Lima de Souza, de 31 anos. O homem era companheiro de Natalin, com 22 anos na época, e o principal suspeito de tê-la matado em Campo Grande (MS) e jogado o corpo em vegetação às margens da BR-060, na saída para Sidrolândia. O julgamento ocorre nesta sexta-feira, 25 de novembro, há mais de nove meses após o caso, tratado como feminicídio.
Aucilete veio da Paraíba para depor em memória da neta. Conforme a avó, Natalin manifestava para ela o desejo de separar de Tamerson. “Fazia cinco meses que o casamento estava indo para o ralo. Ela falava que queria separar, mas que ele a mataria”, contou. O acusado e a vítima ficaram juntos por cerca de quatro anos.
A avó criou a neta desde os 12 anos de Natalin. A jovem encontrou em Aucilete o incentivo para continuar os estudos. “Sempre dedicada. Veio para Campo Grande estudar. Cuidava de idosos e fazia faxina. A gente se falava sempre”, relembra. Na capital, buscava o diploma de enfermeira.
![Avó relembra relacionamento conturbado](https://cdn.diariodigital.com.br/uploads/noticias2/2022/11/25/avo-natalin-juri.jpg)
O último contato entre Aucilete e a neta foi na virada de 2021 para 2022, quando passaram as comemorações do ano novo juntas. Pouco mais de um mês após a festividade, em 4 de fevereiro, Natalin foi assassinada brutalmente com um golpe de mata-leão. Após a morte, foi deixada por cerca de três dias no porta-malas do carro de Tamerson, até o então companheiro dela jogar o corpo em vegetação às margens da rodovia.
Aucilete se emocionou durante o depoimento. Indignada, questiona Tamerson. “Por que ele fez isso? Impediu a mãe de criar a filha”, declara. A menina, em questão, é filha de Natalin e foi criada desde os dois meses pelo padrasto. De acordo com a avó, a criança chora e pede pela mãe.
“Não falava muito” - Conforme Aucilete, Tamerson quase não se misturava com a família de Natalin. A avó conta que conviveu apenas por três meses com o autor. “Cuidava da Lorena [filha de Natalin] pelo que eu sei. Minha neta sempre disse que ele cuidava muito bem da filha”, conta.
A avó comentou os comportamentos do ex-militar. Segundo ela, Tamerson era calmo, quieto e “não falava muito”. Para a ‘mãe de consideração’ da vítima, Simone Floriano, a falta de palavras de Tamerson deram espaço a ligação após o crime.
![Avó relembra relacionamento conturbado](https://cdn.diariodigital.com.br/uploads/noticias2/2022/11/25/julgamento-natalin.jpg)
Simone foi uma das ex-esposas do pai de Natalin e lembrou com carinho da convivência que teve com a vítima. “Ela é filha do meu ex-marido. Como eu tinha uma filha, ela e Natalin tiveram convivência de irmãs. Aos 11 anos, ela foi morar em um abrigo. Eu quem a tirei de lá. Depois ela foi morar com a avó”, conta.
Quanto ao relacionamento de Tamerson e Natalin, conta que presenciou brigas “feias” e que também sabia do desejo de separação. “Várias vezes ela me disse que queria separar e estava só esperando terminar a faculdade”, explica,
Na noite do domingo, 6 de fevereiro, dois dias após o feminicídio, Tamerson ligou para Simone. “Perguntou se eu sabia dela, mas ele já tinha matado. Até chorou na ligação”, conta.
Julgamento adiado - Tamerson deveria ter passado pelo julgamento em 4 de outubro, exatos oito meses após o crime. O júri, no entanto, foi adiado por falta de documentos necessários para defesa do acusado. “Ainda não foram juntados todos os laudos periciais pendentes”, diz a decisão.
O suspeito é investigado pelos crimes de feminicídio e ocultação de cadáver. O corpo da vítima foi encontrado no domingo, 6, às margens da BR-060, na saída para Sidrolândia. Os exames apontaram que a mulher foi espancada até a morte.
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