Retenção de ambulâncias na Santa Casa impede transferência de idoso para hospital

Dona Neusa Alves, filha de Diomario Alves, de 86 anos, pede socorro para o pai, que está recolhido em casa e precisa ser transferido para um hospital. O transporte está inviabilizado por conta de um problema já recorrente em Campo Grande (MS), a retenção de macas das viaturas do Samu. Os equipamentos estariam ocupados por pacientes que chegam ao Pronto Socorro lotado da Santa Casa e, sem as macas, as viaturas não podem fazer novos transporte.

Conforme o relato de Neusa, o idoso não recebe atendimento do SAMU, desde às 5h da manhã, quando ocorreu a primeira chamada de emergência. Segundo Neusa, Diomário tem coágulo na cabeça, sente fortes dores pelo corpo, não consegue comer e nem tomar água direito. Por conta do coágulo, está impossibilitado de movimentar as pernas. 

“Meu pai tá lá gritando de dor, desde às 5h da manhã. Ele não consegue mexer as pernas, não dá pra colocar no carro.”, 

Diomario Alves deu entrada no posto de saúde para atendimento, onde foi “mal atendido” pela médica do plantão, conforme sua filha, Neusa. O senhor de 86 anos também foi atendido na Santa Casa, no dia 7 de dezembro, para uma consulta em neurocirurgia. Entretanto, foi enviado mais uma vez para casa. “É um corre corre sem fim”, disse a dona. 

Neusa conta que foi informada por um funcionário do SAMU em ligação, que a Santa Casa estaria retendo as ambulâncias, usando as macas dos transportes para pacientes que chegam ao Pronto Socorro já lotado, impossibilitando o transporte de outros. “O SAMU me disse que a culpa é da Santa Casa porque o hospital retém as ambulâncias, porque não tem maca. É uma vergonha. Eles retém as ambulâncias pra segurar paciente na maca”, expôs a senhora. 

SESAU reconhece problemas com macas - Em resposta à questão apresentada, a Secretaria de Saúde Pública (Sesau) afirma que, nas últimas semanas, ocorreram problemas com retenção de macas, o que inviabilizou o transporte de alguns pacientes do SAMU. Porém, a secretaria alegou que essa questão foi “minimizada”, tendo feito uma reunião recentemente com os hospitais “para alinhar os fluxos e evitar este tipo de ocorrência”.

Santa Casa está lotada e sem vaga - O Hospital Santa Casa informa que está passando por superlotação, pois “a quantidade de pacientes que chegam ao Pronto-socorro encaminhados pela Secretaria Municipal de Saúde (SESAU) é maior do que a capacidade física do hospital”. Apesar do hospital informar constantemente sobre a situação de lotação, a SESAU continua enviando pacientes. 

“Então, sem leitos disponíveis suficientes para atender a demanda, eles precisam aguardar atendimento na maca. O problema não é retenção de macas, e sim a quantidade de pacientes em atendimento no Pronto-socorro ao mesmo tempo. A não liberação não depende do hospital, mas sim da possibilidade numérica de pacientes em atendimento”, esclareceu a Santa Casa em resposta por e-mail.

O que a SESAU diz sobre a superlotação - A Secretaria Municipal de Saúde comunica que “o quantitativo de pacientes encaminhados é de acordo com o que é pactuado contratualmente com a Santa Casa”. Ainda segundo a SESAU, o “Município está em tratativa com todos os hospitais para que seja possível remanejar ou ampliar o número de leitos”.  A secretaria diz também que a superlotação é uma situação “momentânea”.

Fontes confirmam uso de macas do SAMU - O Diário Digital averiguou a situação das macas e, segundo fontes dentro da Santa Casa, as macas do SAMU estão retidas no hospital. Conforme as informações, quando o SAMU leva os pacientes, acabam ficando nas próprias macas e os transportes ficam retidos.