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Professora que foi alvo de falas transfóbicas em redes sociais aciona defensoria pública

Emy teme que algo aconteça com ela e com seus familiares que estão abalados com a repercussão de seu caso

Domingo, 16 Fevereiro de 2025 - 07:00 | Emanuely Lobo


Professora que foi alvo de falas transfóbicas em redes sociais aciona defensoria pública
A professora de ensino fundamental Emy Santos, de 25 anos, vem sofrendo ataques transfóbicos (Foto Rede Social)

A professora de ensino fundamental Emy Santos, de 25 anos, vem sofrendo ataques transfóbicos desde a segunda-feira (10), nas redes sociais após se fantasiar para recepcionar alunos em uma escola municipal de Campo Grande (MS), durante o primeiro dia de aula.

Os ataques começaram, quando o Deputado Estadual João Henrique Catan (PL), levou para a assembleia legislativa do Mato Grosso do Sul, um vídeo em que a professora mostra a reação de seus alunos ao vê-la fantasiada do que ela chama de “Barbie da Shoppe”. 

 Em suas redes sociais, o Deputado João Henrique Catan usou falas como: “Onde o conteúdo programático prevê um professor entrar fantasiado de travesti?”, ressaltou.

Devido ao comentário do Deputado em suas redes sociais, o vídeo de Emy acabou tomando proporções nacionais, chegando na câmara de deputados federais.

Vereadores e instituições, se manifestaram contra os ataques que a professora sofreu. O vereador Jean Ferreira (PT), manifestou-se em suas redes sociais prestando apoio a Emy. “Vamos protocolar uma moção de repúdio contra o Deputado na câmara municipal, e buscaremos os meios legais na comissão de ética da Assembleia Legislativa para que isso não fique impune” diz.

Em nota, o corpo docente do curso de dança da UEMS (Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul), no qual a artista se formou, repudiaram veementemente as falas e ataques que a mesma vem sofrendo. “A professora Emy, recebeu a devida formação técnica, profissional e intelectual, capaz de proporcionar autonomia docente em escolas no ensino da Arte.” 

Em entrevista com a equipe do Diário Digital, a professora diz que está recebendo apoio de professores, direção e pais de seus alunos para passar por esse momento. “Meus colegas tem me ajudado a passar por esse momento difícil”, contou.

Devido à proporção do caso, a docente registrou um boletim de ocorrência e está fazendo acompanhamento junto à defensoria pública. Emy, teme por seus familiares e diz que a família tem dado todo apoio, porém sua mãe está abalada com todo o caso. “Tenho que tomar cuidado, porque o vídeo está tomando proporções muito maiores, levantando debates em muitos lugares, e isso também está fazendo com que as pessoas incitem o ódio contra mim, contra quem eu sou, contra o meu trabalho. Não quero que meu trabalho em sala de aula seja apagado por conta do caso”, relatou.

 Emy que leciona há um ano na rede municipal de ensino, traz atividades aos seus alunos, focadas nas artes e no lúdico, e o ato de se fantasiar também foi aderido por outras professoras da mesma unidade, na recepção dos alunos para a volta às aulas, sendo um recurso pedagógico comum para a educação infantil.

A Secretaria Municipal de Educação (Semed), de Campo Grande (MS), iniciou um procedimento administrativo para investigar o caso, visando esclarecer quaisquer dúvidas dos pais e da comunidade com transparência.

 No Brasil, desde o ano de 2019, o STF (Supremo Tribunal Federal), criminaliza a homofobia e a transfobia. De acordo com o código penal, a pena pode ir de um a três anos de prisão podendo chegar a até cinco anos se houver divulgação ampla do ato, além da multa, variando de acordo com cada caso.

Associação Nacional de Travestis e Transexuais, Antra, revela que, apenas em 2024, 122 pessoas trans e travestis foram assassinadas no Brasil. O país permanece na 17ª posição entre os que mais matam pessoas trans no mundo.

 

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