Geral
Filha de Francielle expõe violência de padastro e acusa irmão
Enteada de Adailton, Érika afirma que padrasto era ciumento e irmão, filho dele, ocultava agressões
Segunda-feira, 21 Novembro de 2022 - 12:26 | Victória de Oliveira e Thays Schneider
Erika Guimarães, a filha mais velha de Francielle Guimarães, de 36 anos, assassinada em janeiro pelo então companheiro, Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, foi a primeira a ser ouvida na manhã desta segunda-feira, 21 de novembro, durante julgamento do padastro. Em depoimento, relatou episódios de agressão aos quais Francielle era submetida e acusou o irmão, de 17 anos, de ser conivente com a morte da mãe.
Adailton ocupa o banco de réus e encara o júri popular hoje para ser julgado pelos crimes de feminicídio, violência doméstica e familiar tortura, se resulta em morte, sequestro e cárcere privado, se resulta a vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza de detenção, grave sofrimento físico ou moral. O caso ocorreu em 25 de janeiro deste ano, e os últimos 28 dias de vida de Francielle foram marcados por sessões de tortura e agressões.
Francielle e Adailton mantiveram relacionamento por mais de 17 anos, reforça Erika. Durante o período, presenciou diversas sessões de agressão da mãe. Em uma delas, aos seis anos de idade, viu o padastro agredir a mãe com marreta. “Era agressivo. Sempre ameaça ela quando ele não gostava de algo. Toda vez q ele voltava para casa eu saia, porque não queria ver ele”, relata.
Erika relembra que foi expulsa de casa pelo padrasto durante a pandemia de coronavírus. “Estava com Covid-19. Ele achou que eu estava grávida e me mandou embora”, conta. A filha explica que a mãe chegou a pedir a separação, porém Adailton não aceitava. A vítima conseguiu ir embora de casa por um período e foi morar com outro homem.
“Minha mãe não amava ele [Adailton]. Estava tão feliz com o Ronaldo, porque ele tratava ela muito bem”, comenta a filha. Adailton, no entanto, não aceitou o relacionamento, O ex-companheiro ameaçava o casal e o filho do novo namorado de Francielle, bem como torturava o filho recém-nascido que tinha com a vítima, então a mulher retornou para a casa de quem viria a ser o assassino dela.
“Ele começou a torturar o psicológico da minha mãe”, declara Erika. A filha ficou uma semana na casa da mãe, com intuito de protegê-la. Após o período, voltou para casa onde mora e chegou a visitar a mãe tempo depois. “Quando voltei minha mãe estava estranha, pediu para eu não deixá-la sozinha. Estava com a boca toda inchada e cabelo preso. Ele bateu nela a noite”, conta.
Na ocasião, Adailton chegou a rasgar as costas de Francielle com faca. “As costas da minha mãe estava toda rasgada. Ele arrancou o cabelo dela na faca”, relembra. Erika conta que foi para a casa da tia durante a discussão e acionou a Polícia Militar para atender a ocorrência. “Ela entrou no carro e foi embora comigo. Limpamos o ferimento dela, que estava com forte odor. Minha mãe ficou dias sem banho, porque ele não deixava”.
Quanto ao irmão recém-nascido, descreve que o bebê possuía feridas de cigarro pelo corpo, porque o padrasto “fumava o dia inteiro”. “Ele [irmão recém-nascido] tinha queimaduras na perna igual as da minha mãe”.
“Levou minha mãe para morrer” - Erika Guimarães afirma que Adailton torturou a esposa porque desconfiava de traição. “Era muito ciumento”, declara. A filha conta que Francielle retornou para casa três dias após ter ido embora, por insistência do filho, de 17 anos. “Foi meu irmão quem levou minha mãe para morrer”, acusa. Ainda, afirma que o adolescente não foi ao velório nem ao enterro.
Durante as investigações do feminicídio, a Polícia Civil descobriu que foi o filho quem acionou os socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em 25 de janeiro de 2022, data da morte de Francielle. Aos profissionais, o adolescente afirmou que a mãe teria tirado a própria vida após ingerir grande quantidade de remédios controlados.
Foi somente após Perícia Médica, por conta de ferimentos nas nádegas, que as sessões de tortura e agressões as quais Francielle era submetida foram reveladas. A irmã acredita no envolvimento do irmão na morte da mãe. “Minha mãe fazia tudo por ele. Até comprou coisas no cartão para o meu irmão e para pagar pegou dinheiro com agiota, entregou até escritura”, lembra.
“Parece que foi hoje” - Em entrevista ao Diário Digital, a mãe de Francielle e avó de Erika, Ilda Guimarães Pereira explicou que o adolescente cortou contato com a família materna após o feminicídio. “É uma dor que a gente nunca esquece”, define. A data de hoje é importante para Ilda, que espera Justiça pela morte da filha. “Parece que hoje é o dia que aconteceu a tragédia. Você sente tudo de novo. Às vezes você está tentando se animar com alguma coisa, vem alguém chega e fala. É uma tortura”, descreve.
Ilda relata que não teve convivência com o casal durante o relacionamento da filha e do acusado. “Ela nunca reclamou [de brigas e agressões] por causa da minha saúde”, explica. Relatou, inclusive, que o caso deixa marcas até os dias atuais na rotina dela. “Eu ando muito esquecida. Se coloco uma panela no fogo, não lembro e quando vejo está pegando fogo”, exemplifica.
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