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"Dor que a gente nunca esquece", define mãe de Francielle, morta e torturada no Caiobá

Vítima era mantida em cárcere privado e não podia ter celular, para não ter contato com a família

Segunda-feira, 21 Novembro de 2022 - 08:51 | Victória de Oliveira e Thays Schneider


"Dor que a gente nunca esquece", define mãe de Francielle, morta e torturada no Caiobá
Ilda Guimarães convive diariamente com a dor do assassinato da filha - (Foto: Luciano Muta)

25 de janeiro de 2022 marca o momento em que o mundo de Ilda Guimarães Pereira foi desmanchado após o assassinato da filha, Francielle Guimarães, de 36 anos. A mulher foi mantida em cárcere privado pelo companheiro, Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, e não podia ter contato com a família. O acusado encara o júri popular nesta segunda-feira, 21 de novembro, cerca de 10 meses após o feminicídio. 

Ilda relatou ao Diário Digital que não teve convivência com o casal durante o relacionamento da filha e do acusado. “Ela nunca reclamou [de brigas e agressões] por causa da minha saúde”, explica. Relatou, inclusive, que o caso deixa marcas até os dias atuais na rotina dela. “Eu ando muito esquecida. Se coloco uma panela no fogo, não lembro e quando vejo está pegando fogo”, exemplifica. 

Adailton é acusado de torturar Francielle por 28 dias ininterruptos em residência na rua Cachoeira do Campo, no bairro Portal Caiobá, em Campo Grande (MS), inclusive, na frente do filho, de 17 anos, e matá-la. A vítima não possuía aparelho celular, para não ter contato com os familiares. Foi o adolescente quem acionou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) no dia do crime. Aos socorristas, relatou que a mãe teria tomado remédios e morrido.

"Dor que a gente nunca esquece", define mãe de Francielle
Francielle Guimarães tinha 36 anos - (Foto: Arquivo/Diário Digital)

Após perícia técnica, foi constatado sinais de tortura no corpo da vítima. Francielle estava sem pele nas nádegas, ocasionado por choque elétrico, sangramento na região torácica, ferimentos na região cervical com edema periorbital e hematomas na região abdominal. A avó explica que o adolescente cortou contato com a família materna após o feminicídio. 

“É uma dor que a gente nunca esquece”, define. A data de hoje é importante para Ilda, que espera Justiça pela morte da filha. “Parece que hoje é o dia que aconteceu a tragédia. Você sente tudo de novo. Às vezes você está tentando se animar com alguma coisa, vem alguém chega e fala. É uma tortura”, descreve. 

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