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"Cracolândia": Comerciantes descrevem preocupação com região ocupada por usuários de droga

Região dos entornos da 'Antiga Rodoviária' é ponto de aglomeração de pessoas em situação de rua

Terça-feira, 17 Janeiro de 2023 - 10:13 | Victória de Oliveira e Thays Schneider


"Cracolândia": Comerciantes descrevem preocupação com região ocupada por usuários de droga
Pessoas em situação de rua se abrigam em calçadas da região central - (Foto: Luciano Muta)

Pontos comerciais fechados com tijolos para evitar invasões e pessoas em situação de rua acomodadas nas calçadas em região do Centro de Campo Grande (MS). Esse é o cenário que pode ser visto por quem passa pelos entornos do Terminal Heitor Eduardo Laburu, conhecido como ‘Antiga Rodoviária’ . O endereço divide espaço entre comerciantes preocupados com a situação e pessoas em vulnerabilidade social. Para alguns, o local virou uma nova “Cracolândia”.

O ponto de vulnerabilidade na região central de Campo Grande é perto do polo onde diversos lojistas concentram estabelecimentos e clientes passam diariamente. Apenas algumas quadras separam uma realidade que parece prosperar dos pontos que pedem ajudam ao poder público. “É uma situação lamentável. Vejo alguns ‘moradores de rua’ comendo lixo. Eles passam, pedem comida e água”, descreve Adriana Costa de Oliveira, proprietária de um brechó na avenida Afonso Pena.

'Cracolândia' assusta comerciantes centrais
Adriana Costa de Oliveira é proprietária de brechó na Afonso Pena - (Foto: Luciano Muta)

A comerciante explica que as pessoas em situação de rua que por ali se aglomeram “não roubam”. Mesmo com o ‘acordo de paz’, o cenário assusta possíveis clientes. Um lojista, que preferiu não se identificar, conta que os consumidores, inclusive, associam o local a uma espécie de ‘cracolândia’, local conhecido por aglomerar usuários de droga. “Eles não têm costume de roubar nem nada, mas atrapalham nas vendas. Porque os clientes ficam assustados e preferem nem chegar perto”, afirma.

Em 23 dezembro de 2022, a Guarda Civil Metropolitana (GCM) realizou ação conjunta com a Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos (Sisep) para desobstrução de vias e calçadas nos entornos da Antiga Rodoviária. Na operação, 52 pessoas em situação de rua foram abordadas para checagem de registro e informações. Conforme a GCM, nenhum dos abordados aceitou acolhimento social.

'Cracolândia' assusta comerciantes centrais
Sem clientes, diversos estabelecimentos fecharam as portas no Centro - (Foto: Luciano Muta)

No início de janeiro, empresários da região central se reuniram para ‘blindar’ um galpão localizado na rua Barão do Rio Branco, em frente ao Terminal Heitor Eduardo Laburu. O local, conforme comerciante da região, era constantemente invadido por usuários de droga. Agora, com a barragem, os comerciantes temem que a falta de sossego se espalhe para outros bairros da capital.

'Cracolândia' assusta comerciantes centrais
Empresários ‘blindaram’ galpão abandonado - (Foto: Luciano Muta)

Acolhimento - A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Assistência Social (SAS) para apurar frentes de acolhimento às pessoas em situação de rua. Em nota, a SAS informa que ação específica atua na região da Antiga Rodoviária. “A SAS informa que referente a ações voltadas ao atendimento de pessoas em situação de rua alocados na região da antiga rodoviária, o Programa de Ação Integrada e Continuada de Atenção às Pessoas em Situação de Rua- PAIC, usuárias abusivas de álcool e/ou outras drogas, em Campo Grande/MS, tem discutido ações que visem o acesso efetivo a novas oportunidades de acolhimento, saúde, direitos à cidadania, qualificação profissional, segurança e inserção no mercado de trabalho”.

'Cracolândia' assusta comerciantes centrais
Entornos da Antiga Rodoviária parecem abandonados - (Foto: Luciano Muta)

Também reforça que o Serviço Especializado em Abordagem Especial (SEAS) trabalha 24 horas por dia para tentar acolher as pessoas em vulnerabilidade social. “Nos dias de chuvas e frio o trabalho é intensificado, as pessoas em situação de rua são abordadas e em caso de consentimento são encaminhadas para unidades de acolhimento”, diz trecho da nota.

    

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