Polícia
'Nos intimidaram com arma e bateram em nós', diz sobrevivente de ataque que deixou indígena morto
Mário Pereira morreu e outro dois indígenas que são lideranças da retomada Guapoy ficaram feridos
Sexta-feira, 15 Julho de 2022 - 17:14 | Marina Romualdo
Uma possível emboscada pode ter sido feita para matar a tiros, o indígena Guarani-Kaiowá, Márcio Pereira, de 35 anos. Além dele, outra duas pessoas ficaram feridas na tarde de quinta-feira (14), em Amambaí (MS). Márcio e as vítimas são lideranças da retomada Guapoy no município.
Conforme as informações policiais, os indígenas foram abordados por dois homens em uma motocicleta durante o trabalho em uma construção civil. Segundo uma testemunha, os autores chegaram no local com intimações e agressões verbais contra os trabalhadores.
Após alguns minutos de conversa, foram realizados diversos disparos de arma de fogo. Márcio foi atingido por dois deles e as outras vítimas conseguiram fugir. Um jovem Guarani-Kaiowá que não foi identificado, contou que conseguiu fugir, mas foi segurado pelos autores e intimidado.
“Nos intimidaram com as balas, mostraram com pistola de cano curto e bateram em nós, jogando no meio dos caraguatás [planta espinhosa], em seguida atiraram no Márcio e nos deitamos, como a munição acabou, eles nos bateram com a arma, e eu fugi deles”, relata um dos sobreviventes.
Após os disparos, houve luta corporal e um dos indígenas conseguiu fugir do local, o outro foi ao hospital de Amambai para atendimento. Já Márcio correu cerca de 100 metros sangrando para se esconder em uma construção, mas não resistiu aos ferimentos e morreu. Após os disparos, um dos autores fugiu na moto e o outro a pé.
A Polícia Militar, Civil e a Perícia foram acionados. No local do crime, a tia da vítima fatal disse que Márcio teria sido contratado para realizar um serviço de pedreiro. Márcio foi chamado por um conhecido local e, por sua vez, chamou as outras duas lideranças para ajudar no serviço.
“Fomos convidados para levantar um muro e fomos até o local com nossas ferramentas. Encontramos uns karaí [não indígenas] que passaram a intimidar a gente. Márcio se levantou e olhou bem para eles, que sem falar nada jogaram nossas ferramentas”, conta uma das vítimas.
De acordo com o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) uma quarta testemunha que presenciou o ataque não será identificada. Os Kaiowá-Guarani temem um novo ataque contra os sobreviventes e esta testemunha.
A Polícia instaurou um inquérito para apurar os fatos, ouviu até o momento três testemunhas e intimou outras pessoas à prestarem esclarecimentos. O caso segue sob investigação.
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