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Respiração e clima, qual a relação entre as duas?

Problemas respiratórios são mais recorrentes durante este período do ano em Mato Grosso do Sul

Quinta-feira, 22 Junho de 2023 - 10:06 | Taís Wölfert


Respiração e clima, qual a relação entre as duas?
"Associação do ar mais seco e mais frio acaba agredindo as vias aéreas superiores" (Foto: Luiz Alberto)

Entramos na estação mais fria do ano nesta quarta-feira. O inverno em Mato Grosso do Sul (MS) é marcado por suas mudanças bruscas no clima e por ser uma época mais seca. Durante esse períodos problemas respiratórios costumam atacar e gerar quadros de gripes e alergias nas pessoas. Mas você sabe por que isso acontece? Quais precauções tomar?

O Diário Digital conversou com o pneumologista Ronaldo Queiroz sobre esse tema. Ronaldo explicou como esse tempo durante a estação no MS influencia na questão respiratória. "Basicamente no outono/inverno, a associação do ar mais seco e mais frio acaba agredindo as vias aéreas superiores, especialmente a mucosa do nariz. O nariz é um órgão que aquece o ar, que filtra o ar das impurezas, o ar que respiramos, que umidifica este ar para que o ar que nós utilizamos na respiração tenha boa qualidade. Com o frio e com o ar seco, as nossas defesas nas vias aéreas superiores caem, porque o ressecamento provoca microfissuras e essas pequenas lesõezinhas na mucosa nasal, permite a penetração do vírus do resfriado. Essas infecções virais podem diminuir a resistência e então vem os quadros de complicações que podem chegar a sinusite, a rinite e até pneumonia".

Mas quando é o caso de procurar um médico e fazer um tratamento mais forte? "Geralmente os quadros virais, gripes e resfriados são quadros leves. Congestão nasal, nariz escorrendo, uma febrezinha baixa, dor no corpo durante quatro/cinco dias já está melhor. Entretanto, se você começar a ter febre alta diariamente, se tiver prostração (corpo mole, querer ficar deitado o tempo todo, perda do apetite, queda do estado geral), especialmente as crianças e mais idosos. Se tiver tosse, que antes era uma tossezinha mais leve e seca, e se torna uma tosse produtiva com muito catarro. Esse conjunto todo é muito importante e principalmente se junto com isso tudo vier um desconforto respiratório, por exemplo, falta de ar, procure seu pneumologista, um pronto atendimento o mais rápido possível" destacou Ronaldo.

Com relação às pessoas que tem asma, Ronaldo enfatizou sobre o tratamento contínuo e não apenas durante a crise. "Com essas mudanças do tempo, o ar seco e frio, as pessoas que já são alérgicas, que são portadores de asma ou de rinite, doenças cronicas inflamatórias das vias aéreas com fundo alérgico, essas pessoas sofrem mais, tem um risco maior de entrar em crise, especialmente a crise de asma. Então nesse período sazonal, outono/inverno, nós sempre recomendamos que os pacientes portadores de asma e rinite que tem maior risco de desenvolver crises procurem seu pneumologista para que nós possamos otimizar o tratamento preventivo. Fortalecer a prevenção do tratamento, porque a asma não se trata na crise, você tem que tratar continuamente, ter uma asma controlada, para evitar as crises, ou seja, é um tratamento continuo e que deve ser otimizado durante essa época do ano".

Respiração e clima, qual a relação?
Pneumologista Ronaldo Queiroz falou sobre importância da vacinação (Foto: Arquivo pessoal)

As pessoas que tem asma podem ter suas crises relacionadas ao fator emocional. "A asma é uma doença inflamatória cronica de causa principalmente alérgica, porém ela é multifatorial. Até o exercício físico pode desencadear crises de asma. Existem muitos fatores de risco, que nós chamamos de gatilhos, que podem desencadear crises de asma, inclusive fortes emoções. A perda de um ente querido, ás vezes o estresse é muito comum em jovens, têm provas difíceis ou um vestibular e alguns dias antes entra em crise de asma" explicou o pneumologista.

As crianças de até três anos e os idosos, geralmente, portadores de outras comorbidades são as faixas etárias mais atingidas por esses problemas, porque são os períodos de imunidade mais fragilizada. Levar uma vida saudável pode servir como forma de precaução para diminuir os sintomas dessas doenças. "Em primeiro lugar: levar uma vida saudável. Comer bem, se alimentar bem, tomar muito liquido, fazer atividade física, principalmente no ar puro, ou seja, manter sua qualidade de vida, isso vai fazer com que você mantenha sua boa imunidade. A segunda coisa são alguns cuidados que a gente deve tomar, por exemplo: não fumar nem cigarro, nem narguilé, muito menos o cigarro eletrônico. Evitar ambientes muito congestionado, com muitas pessoas. Naqueles lugares fechados, têm pessoas que estão lá com o vírus, com gripes, resfriados e os vírus estão lá soltos, em suspensão no ar. Nesses lugares com muitas pessoas, você pode acabar aspirando e se contaminando" explicou Ronaldo.

"Acho que todos já deveriam ter tomado são as vacinas da época. E eu estou falando da vacina da gripe contra a influenza, que tem a trivalente na rede pública de graça e a tetravalente que você toma também contra a gripe nas clínicas de vacinação" ele frisou e acrescentou: "Essa é uma vacina segura, essa é uma vacina que nós protege contra a gripe grave, H1N1, aquela gripe que matava e teve a sua pandemia por volta de 2008/2009. Então, essa vacinação precisa ser estimulada".

Ronaldo também falou sobre a vacina da Covid e como a da Influenza deve ser o foco no momento atual. "Talvez a indicação desse excesso de reforços contra a Covid, que hoje não tem mais o menor sentido tomar a vacina neste momento. A Covid praticamente já não é uma doença preocupante, nós estamos sim aguardando uma vacina poderosa e segura como é a vacina da gripe da Influenza. Mas existe pouca informação, as próprias autoridades acabam não conseguindo transmitir segurança para os pacientes, a procura é muito pequena mesmo. Mas na nossa orientação médica todos devem tomar a vacina contra a gripe, a Influenza, tanto nos postos gratuitamente quanto nas clinicas de vacinação".

Até 31 de maio, dados da Secretaria de Estado de Saúde (SES) informaram que a taxa de cobertura da Influenza no Estado estava em 41%, um número baixo já que o indicado pelo Ministério da Saúde é de 95% de cobertura. De 01 de janeiro a 14 de junho de 2023, foram notificados 1.703 casos de Síndromes Respiratórias Agudas Graves (SRAGs). No mesmo período, foram 154 óbitos registrados em Campo Grande. A vacina contra a gripe está liberada para todas as pessoas maiores de seis meses, ela é gratuita e está disponível nas Unidades Básicas de Saúde de todo o Estado.

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