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Promotor entrega beca à mãe de Matheus e afirma que Eliane ganhou para mudar versão
Cena emocionante abriu tese da acusação, que teve desde conversas à foto com dinheiro
Quarta-feira, 19 Julho de 2023 - 11:06 | Victória Bissaco e Thays Schneider
Uma cena emocionante abriu o terceiro dia do júri popular de Jamil Name Filho, Vladenilson Daniel Olmedo e Marcelo Rios pela morte “por engano” do estudante de Direito Matheus Coutinho Xavier. O estudante, que sonhava em ser promotor de justiça, foi assassinado em 2019 no lugar do pai Paulo Xavier “PX”. O desejo do jovem foi lembrado nesta quarta-feira, 19 de julho, pelo promotor de justiça Moisés Casarotto.
À mãe de Matheus Coutinho Xavier, a advogada Cristiane de Almeida, o promotor entregou uma beca. “O Matheus sonhava em ser promotor de justiça. Hoje, a mãe dele está aqui. Como forma de honrá-lo, vamos te dar [para mãe] uma beca com seu nome e o nome do seu filho. Pela eternidade Cristiane e PX não terão mais o filho. Se quiserem vê-lo, terão de ir ao cemitério”, declarou Casarotto. A advogada também atua no caso, mas como assistente de acusação.
A ação emocionante, que levou o promotor, advogada e mais presentes no Plenário às lágrimas não foi assistida pelo acusado de chefiar a execução que levou à morte precoce de Matheus: Jamil Name Filho. O réu ficou cerca de 30 minutos em sala reservada, onde conversou com familiares.
Até o último fio de cabelo
Para o promotor, não restam dúvidas de que Name, Olmedo e Rios estão envolvidos no crime. Casarotto iniciou a tese com a frase “maior matança já vista em MS”, dita pelo pai de Jamilzinho, Jamil Name à esposa. O diálogo foi revelado durante as investigações da Operação Omertà, deflagrada em 2019, que também apontou ”Jamilzão", como era conhecido, como mandante do crime. Ele morreu em 2021, no presídio de Mossoró.
A tese do promotor Casarotto sustenta que os Name, pai e filho, agiram como mandantes do crime e Olmedo e Rios, como executores. Ambas partes devem ser responsabilizadas pela morte do estudante, defende. O assassinato tinha como real alvo Paulo Xavier, o pai de Matheus, e seria motivado por “traição” e negócios envolvendo a Fazenda Figueira, em Jardim (MS), que já foi utilizada em seita religiosa do reverendo Moon.
Durante a apresentação da tese, o promotor mostrou conversas entre os Name e Rios, que foi preso em 2019 com arsenal de armas, onde a família de milicianos manda o executor se livrar das armas. O fuzil utilizado na morte, inclusive, foi apreendido na ação. Na gravação, Marcelo Rios afirma que o “velho” [Jamil pai] iria matá-lo porque “não teria entregado as armas ainda”.
Ganhou para mudar depoimento
Outra tese sustentada pela acusação foi de que a ex-esposa de Marcelo Rios, Eliane Benitez Batalha ganhou R$ 5 mil dos Name para mudar a versão apresentada anteriormente à Polícia, de que o marido estava “preocupado” com a execução por engano de Matheus Coutinho.
Ontem, ao Plenário, Eliane Benitez Batalha afirmou que foi coagida por policiais, em 2019. "Conversa com a sua mãe e com seu pai, por que se não vamos arrancar a cabeça deles", teriam dito delegados aos filhos do ex-casal. Ainda, conforme a mulher, ela e os filhos ficaram uma semana na delegacia “escutando o pai sendo espancado e gritando por socorro”. "Ninguém sabia que estávamos todos esses dias lá" diz Eliane, e que só foram embora quando o Marcelo foi para o presídio.
Moisés Casarotto, no entanto, explicou que Eliane Benitez foi colocada em cela especial da Delegacia Especializada em Repressão de Roubos a Bancos, Assaltos e Sequestros) para ser protegida de eventuais ameaças que poderia surgir após a prisão do ex-marido com o arsenal de armas. A testemunha de defesa chegou a pedir ao Ministério Público de Mato Grosso do Sul (MPMS) para entrar em programa de proteção às testemunhas.
Em 2020, a ex-companheira de Rios mudou completamente as versões e passou a afirmar que era coagida pelos policiais, O promotor Casarotto explicou ao júri, no entanto, que a acusação tem provas de Eliane se vendeu aos Name e recebia cerca de R$ 5 mil mensais pela troca de depoimentos. Ao presentes no Plenário, apresentou uma fotografia tirada pela testemunha de defesa na qual exibe grande quantidade de dinheiro.
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