Perfil na rede social expõe denúncias de assédio contra estagiários

Perfil criado para expor denúncias de assédio contra estagiários na área de direito traz relatos de exaustão dos funcionários. A rede social @escritórios Expostos de MS soma mais de mil seguidores nos quais relatam momento de abusos sofridos por escritórios de Mato Grosso do Sul. 

A página foi criada para destinar exposição de assédios praticados contra advogados e estagiários de direito. Os relatos serão anônimos com a intenção de abusos serem apurados e não mais repetidos.

Os relatos postados na página são fortes, em um trecho diz "Trabalhei por quatros anos em um escritório que fica na Rua Alagoas no Jardim do Estados, tive que sair por causa da pressão moral que eles fazem, estagiários fazendo trabalho de advogados RH encima 24h. A gestora bomba nas redes sociais com 'café com gestão', mas de gestão não tem nada pura lacração", diz uma das ex-funcionárias.

Os desabafos continuam. "Fui demitido após 10 meses de trabalho e nunca recebi um real pelas incontáveis horas extras. Depois de dois meses fui diagnóstica com depressão profunda, hoje graças a Deus controlada. Esse escritório localizado no Jardim do Estados, exige a alma das pessoas, levam tristeza profunda, à exaustão. A coordenadora promove amigas e não reconhecem os que não puxam o saco dela", lamenta.

Em um outro trecho uma ex-funcionária explicou que chegou a trabalhar 14h seguidas com apenas um intervalo rápido de almoço. O que sempre importava era que os funcionários estavam dando resultados impressionantes", explica.

Na rede social a inúmeros relatos. A equipe do Diário Digital procurou o escritório Mascarenhas Barbosa Advogados, o qual foi citado na página, e até o fechamento dessa matéria não obteve retorno. 

O Ministério Público do Trabalho de Mato Grosso do Sul emitiu uma nota afirmando “No dia 19 de agosto de 2022, foi instaurado procedimento investigatório e, após a fase de apuração preliminar, serão tomadas eventuais providências cabíveis, por parte do MPT-MS, em face dos empregadores mencionados nas publicações”.

“Este procedimento investigatório trata-se de uma Notícia de Fato, e que, conforme o ato normativo que disciplina sua instauração e tramitação no âmbito do Ministério Público após registrada em sistema digital interno de controle, é distribuída livre e aleatoriamente entre um dos membros do MPT-MS. (Resolução CNMP n° 174/2017)”.

“A distribuição por sorteio somente não ocorre quando o fato noticiado já é objeto de procedimento em curso – situação em que a notícia de fato é distribuída por prevenção, ou seja, a investigação será encaminhada ao membro que já atua em face do (da) denunciado (da)”, continua a nota.

“Após distribuída, a notícia de fato é apreciada no prazo de até 30 dias, a contar do seu recebimento, prorrogável por até 90 dias. Nesse período, o procurador do Trabalho poderá colher informações preliminares para deliberar sobre a instauração de eventuais procedimentos. A notícia de fato poderá ser arquivada quando constatado que o fato narrado não configura lesão ou ameaça de lesão aos interesses ou direitos tutelados pelo Ministério Público do Trabalho; o fato narrado já tiver sido objeto de investigação ou de ação judicial, ou já se encontrar solucionado; e quando for incompreensível”, conclui.