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Família e amigos de estudante assassinado pedem respeito à memória de Danilo
Em nota, rede de apoio pede para que profissionais da imprensa tenham cautela ao divulgar falas de assassino
Quinta-feira, 09 Março de 2023 - 11:51 | Redação
Familiares e amigos de Danilo Cezar de Jesus Santos, de 29 anos, assassinado no último domingo, 05 de março, manifestam pedido de respeito à memória do jovem. Em nota, a rede de apoio do estudante de mestrado pede aos profissionais da imprensa que evitem a divulgação das falas do suspeito, preso na manhã desta quarta-feira (8), em manchetes, com tom declaratório.
“Acreditamos que não seja producente ou respeitoso, para com a memória da vítima, divulgar com destaque as falas do autor do crime em tom de “jornalismo declaratório”, já que a própria investigação aponta contradições em seu depoimento e, sobretudo, porque Danilo não está presente materialmente para dar sua versão”, pede trecho da nota.
Danilo Cezar de Jesus Santos, de 29 anos, era estudante de mestrado em Antropologia Social da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e estava desaparecido desde domingo, após ir em uma casa noturna com amigos, em Campo Grande (MS). O jovem é lembrado com carinho. “É importante ressaltar que Danilo era um jovem dedicado e de trajetória exemplar, que veio da periferia e tinha o sonho de melhorar a vida de sua mãe, uma trabalhadora doméstica que se dedicou ao máximo à educação do filho”.
A nota, ainda, cita a exposição de questionamentos maldosos ao jovem. “Matérias e comentários que questionem a recepção dada por Danilo a uma pessoa em situação de rua são insensíveis em relação ao modo como ele via o mundo, uma vez que suas convicções jamais permitiriam negar auxílio a quem o abordasse alegando precisar de ajuda”, pontua a rede de apoio.
Confira nota na íntegra:
A rede de apoio à família e amigos de Danilo Cezar de Jesus Santos, vítima de homicídio no domingo (5 de março), vem a público fazer um pedido aos profissionais de imprensa e à sociedade civil.
Diante dos inúmeros comentários maldosos a respeito de Danilo, acreditamos que não seja producente ou respeitoso, para com a memória da vítima, divulgar com destaque as falas do autor do crime em tom de “jornalismo declaratório”, já que a própria investigação aponta contradições em seu depoimento e, sobretudo, porque Danilo não está presente materialmente para dar sua versão.
É importante ressaltar que Danilo era um jovem dedicado e de trajetória exemplar, que veio da periferia e tinha o sonho de melhorar a vida de sua mãe, uma trabalhadora doméstica que se dedicou ao máximo à educação do filho. Aluno aplicado, Danilo conseguiu cursar mestrado com bolsa e pretendia seguir a carreira acadêmica com doutorado.
Além disso, a vítima também era uma pessoa extremamente solidária e acolhedora, que fazia da ajuda ao próximo sua missão de vida. Matérias e comentários que questionem a recepção dada por Danilo a uma pessoa em situação de rua são insensíveis em relação ao modo como ele via o mundo, uma vez que suas convicções jamais permitiriam negar auxílio a quem o abordasse alegando precisar de ajuda.
Danilo tinha uma potência intelectual extraordinária. No mestrado em Antropologia Social, investigava o cotidiano de estudantes brasileiros/as de medicina na cidade de Pedro Juan Caballero (PY), na fronteira Paraguai-Brasil, além de ter sido pesquisador no grupo que formulou o dossiê para o registro de patrimônio imaterial nacional do Banho de São João em Corumbá e Ladário.
Como relatou seu orientador, Dr. Álvaro Banducci Jr., "sempre foi uma pessoa sensível e prestativa , além de humilde por comportamento e origem. Perde a Antropologia do MS, perdem os estudos fronteiriços,chora o São João".
Danilo sempre foi responsável com suas obrigações, dentro de casa, na universidade e nas tarefas que desempenhava. A professora Dra. Mara Aline Ribeiro reforça a competência e dedicação de Danilo. "Um aluno excelente, um bolsista do CNPq. Um cara comprometido, o histórico escolar dele comprova isso".
Danilo representa uma parte significativa e importante na vida daqueles que, com ele, compartilharam as experiências da vida vivida. Era sinônimo de gentileza, companheirismo e lealdade, com os amigos, com a família e com as suas causas. Pedimos respeito a sua memória, responsabilidade e compromisso com os desdobramentos da opinião pública.
No mais, é importante lembrar que Danilo prezava a não violência, era veementemente contra o assédio. Magro, de estrutura frágil, tinha consciência da sua vulnerabilidade. Ele costumava se manifestar ativamente contra qualquer tipo de discriminação, crime de ódio e intolerância. Conhecido na comunidade pela sua gentileza com os menos favorecidos, era amado e principalmente respeitado por todos que o conheciam.
São inúmeros os relatos de pessoas que tiveram a vida impactada positivamente pelas atitudes dele. Era carinhoso com os animais e sempre que possível encontrava forma de resgatá-los. Era cuidadoso e respeitoso com a mãe, tendo as iniciais da mesma tatuado no pulso. Tinha o sonho de transformar a vida dela através da educação, caminho que escolheu por aptidão. Era questionador, astuto e levava a ciência a sério.
*A rede de apoio aos familiares de Danilo Cezar é formada voluntariamente por amigos, parentes, colegas e professores da vítima.
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