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Fabiano nega agressões à Eloisa, morta a facadas por ele

Acusado do feminicídio de Eloísa Rodrigues, Fabiano Querino ocupa banco de réus nesta quarta-feira

Quarta-feira, 16 Novembro de 2022 - 10:23 | Victória de Oliveira e Thays Schneider


Fabiano nega agressões à Eloisa, morta a facadas por ele
Fabiano Querino dos Santos ocupa banco dos reús após feminicídio - (Foto: Thays Schneider)

Fabiano Querino dos Santos, de 35 anos, ocupa o banco de réus nesta quarta-feira, 16 de novembro, para ser julgado pela morte de Eloisa Rodrigues de Oliveira, de 36 anos de idade, então companheira dele na época. O julgamento exatamente oito meses após ter esfaqueado Eloísa com quatro facadas na frente dos filhos em residência do Parque do Lageado, em Campo Grande (MS). O acusado e a vítima viveram relacionamento marcado por agressões entre 2019 e 2022.

Ao júri, Fabiano afirmou querer que Eloisa arrumasse "um sujeito homem, não um vagabundo". Em depoimento à Polícia Civil, em março, relatou que, no fatídico dia, em 16 de março, discutiu com Eloisa por conta de suposta traição da parte dela. Fabiano relatou que optou em não bater na vítima e, sim, em matá-la. Indagado se ele sentia algo por ter ceifado a vida de Eloisa, ele disse que "apenas" a matou.

Hoje, em depoimento no Fórum de Campo Grande, nega que o crime tenha sido motivado por ciúmes. Fabiano afirma ter desferido apenas um golpe na companheira e que já não sentia mais nada por ela. Ainda, relata que os filhos da vítima, de nove e cinco anos, não estavam em casa no momento do crime. "Colocaram na cabeça das crianças para falarem que estavam lá", declara.

A versão foi desmentida pelos filhos, os quais contaram, inclusive, terem visto a mãe no telefone antes de ser morta. O réu afirma ter pegado o celular da vítima para ligar para a Polícia momentos antes de desferir os golpes de faca, que viriam a ser fatais um dia após o crime. O suspeito foi preso em 18 de março em Ribas do Rio Pardo (MS), dois dias após o feminicídio de Eloísa.

Réu nega agressões à esposa assassinada
Eloisa foi a terceira vítima de feminicídio em 2022 na Capital - (Foto: Reprodução/Redes Sociais)

A vítima deixa cinco filhos, apenas um com Fabiano. Com as crianças, era agressivo. Uma das filhas de Eloísa relatou em depoimento à Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (Depca) que apanhava de chinelo do padrasto, e que via os outros irmãos, inclusive, o bebê, serem agredidos pelo homem. Afirma também que tinha medo de Fabiano, especialmente por ele agredir a mãe dela. O homem nega as agressões.

A filha, ainda, contou que o padrasto utilizava todo dinheiro da mãe e não ajudava as crianças, deixando-as até sem alimento. No banco de réus, Fabiano nega a acusação e afirma que mesmo separado da ex-companheira a assistia financeiramente.

Outra versão contada pelo acusado é de que um outro homem estava na residência no momento do crime. Afirma que o suposto envolvido teria disparo contra ele. Uma vizinha da residência, contudo, negou a versão e declarou que constantemente ouvia as agressões e as brigas entre o casal.

Na noite do crime, ajudou Eloisa após a vítima sair correndo pelas ruas gritando por socorro. A vizinha acionou equipe médica, que a encaminhou para a Santa Casa de Campo Grande, onde faleceu na tarde da quinta-feira, 17 de novembro. Durante o relacionamento, a vítima havia registrado cinco boletins de ocorrência por violência doméstica na Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) contra o réu. Ao todo, Fabiano possui nove registros pelo crime, iniciados em 2013, quando agrediu então companheira.

Brigas por dinheiro - A tia de Eloísa, Audaiza Rodrigues, de 55 anos, conversou com o Diário Digital durante o julgamento.Bastante emocionada, contou que a família sabia do relacionamento conturbado. "Era uma situação muito complicada. Ele ameaçava ela demais da conta. Tudo isso que ele está falando é mentira, porque eu sei que ele batia nela", declara. Audaiza, ainda, afirmou que as pregações de Fabiano em terminais rodoviários da Capital eram uma farça. "Vivia nos terminais se passando como pastor e não era coisa nenhuma. Era só para pedir dinheiro, para negócio de droga e essas coisas", conta.

A tia chegou a relembrar que a morte da sobrinha foi motivada por mais uma das brigas por dinheiro. Segundo ela, Fabiano teria pedido R$ 300 para Eloisa, que negou ter a quantia. "Ela estava até servindo comida para um dos filhos. Aí ele pegou e esfaqueou ela. Ela não tinha esse dinheiro, até estava trabalhando em uma firma aí, tinha subido de cargo, porque era trabalhadora", recorda. Quanto à versão de que outro homem teria disparo contra Fabiano, Audaiza nega. "De certo já tinha fumado bastante [crack] por aí nas quebradas de droga. Chegou [...] a noite na casa e queria esse dinheiro. R$ 300, ela não tinha o dinheiro aquela hora. Acho que ela tinha no banco, mas era muito tarde da noite. Foi a hora que ele deu essas facadas", afirma. Conta também que Eloisa conseguiu ligar para ex-sogra e relatar o ocorrido.

A familiar explicou que os filhos de Eloisa estão sob cuidados da família. Três das crianças estão com a ex-sogra, enquanto outra está com o pai biológico. A quinta filha é maior de idade e casada. O sentimento da tia é de justiça. "Espero que ele seja condenado", finaliza.

 

 

 

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