"Dia dos Povos Originários", antropóloga explica a correção no termo

No mês em que se comemora a diversidade e cultura dos povos indígenas, o Diário Digital bateu um papo com a mestra em Antropologia Social e advogada, Victoria Georgia Cheuiche de Oliveira. Ela explicou a mudança no termo "Dia do Índio" para "Indígenas ou povos Originários'.

O dia 19 de abril, por muito tempo chamado de “Dia do Índio”, recebeu a devida correção para “Dia dos Povos Originários” a partir da aprovação do Projeto de Lei, em 2022,  da Deputada Federal Joenia Wapichana.

"Prefiro utilizar o termo ‘correção’, ao invés de ‘alteração’, porque a palavra “índio” foi difundida equivocadamente no território nacional. Isso ocorreu porque quando os europeus invadiram as Américas e encontraram os povos originários, pensaram que tinham chegado às Índias, logo, o termo “índio” referia-se a quem aqui residia", ressaltou à mestra.

Ainda conforme destacou Victoria Cheuiche,  com o passar dos anos a palavra “índio” adquiriu caráter pejorativo e discriminatório, remetendo a pessoas selvagens ou atrasadas, o que não corresponde com a realidade.

Termo Correto - A palavra adequada é “indígena”, pois refere-se àquele que é natural da região que habita, isto é, que estava ali antes dos outros, assim como também diz o termo “povos originários”, que remete a quem primeiro habitou esta terra, ou seja, quem, originariamente, é deste lugar e que daqui de fato pertence.

19 de abril - A antropóloga ressaltou que a data deve ser utilizada para, entre outras perspectivas, destacar as lutas e reinvindicações desses povos, como pela demarcação de terras, respeito a sua cultura e criação de políticas públicas.

"Ademais, deve servir, também, para difundir o papel fundamental que os povos originários têm na construção da identidade nacional, na proteção da fauna e da flora, na criação de leis, avanço da ciência, produção de projetos das mais variadas áreas, entre
outras infinitas possibilidades", finalizou. 

Aprovação na Câmara - Para Joenia Wapichana, a intenção ao renomear a data é ressaltar, de forma simbólica, não o valor do indivíduo estigmatizado "índio" mas o valor dos povos indígenas para a sociedade brasileira. 

"O propósito é reconhecer o direito desses povos de, mantendo e fortalecendo suas identidades, línguas e religiões, assumir tanto o controle de suas próprias instituições e formas de vida quanto de seu desenvolvimento econômico", afirmou a deputada quando o texto foi aprovado na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara.