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Descoberta desafia teoria sobre extinção da megafauna no Brasil

Fósseis analisados por pesquisadores brasileiros indicam que mamíferos gigantes sobreviveram até 3.500 anos atrás, alterando cronologia aceita há décadas

Sábado, 01 Fevereiro de 2025 - 18:09 | Redação


Descoberta desafia teoria sobre extinção da megafauna no Brasil
(Foto: Arquivos dos pesquisadores e paleoarte de Samuel Vilasboas Pereira)

Um estudo publicado na Revista Sul-Americana de Ciências da Terra revelou que mamíferos da megafauna viveram no Brasil até cerca de 3.500 anos atrás, desafiando a hipótese predominante de que esses animais foram extintos ao final do Pleistoceno, há aproximadamente 12 mil anos. A pesquisa foi conduzida por cientistas da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e do Museu de Pré-História de Itapipoca (Muphi), com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq).

A descoberta foi baseada em datações de carbono 14 realizadas no Laboratório de Radiocarbono da Universidade Federal Fluminense (UFF). O material analisado incluiu fósseis de preguiças gigantes, tigres-dentes-de-sabre, toxodontes e mastodontes encontrados no Rio Miranda, no Mato Grosso do Sul, e no sítio paleontológico do Jirau, no Ceará. Os resultados indicaram idades que variam de 3.500 a 7.900 anos, alterando a cronologia aceita para a extinção desses animais na América do Sul.

Segundo os pesquisadores, a nova datação contribui para uma revisão das hipóteses sobre a extinção da megafauna, contrapondo teorias como a Overkill e Blitzkrieg, que sugeriam a caça como principal fator do desaparecimento dessas espécies. Os dados reforçam a influência de mudanças climáticas e ambientais ocorridas no Holoceno como fatores determinantes para o declínio gradual desses animais.

Além da relevância paleontológica, os resultados do estudo podem contribuir para pesquisas sobre a conservação da biodiversidade atual. Os cientistas destacam a importância de parcerias institucionais no desenvolvimento da pesquisa e reforçam o papel da ciência nacional na produção de conhecimento sobre a evolução da fauna no Brasil.

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