Bioparque apresenta nova moradora do local

O Bioparque do Pantanal, localizado nos altos da Av. Afonso Pena, em Campo Grande (MS), apresentou nesta quinta-feira, dia 23, a mais nova moradora do local, o lobinho Delinha. Ela chegou ao Bioparque na segunda-feira, dia 20, mas só foi apresentada ao público na manhã de hoje. O Diário Digital esteve lá para conhece-la e saber um pouco mais de sua história.

Delinha é um lobinho, que popularmente também é conhecido como cachorro-do-mato, da espécie Cerdocyon thous. Ela chegou no Centro de Reabilitação de Animais Silvestres (CRAS) em outubro de 2021, com uma estimativa de dois meses de idade. 

A mãe dela provavelmente foi vítima de atropelamento em Nova Andradina (MS). Agora, ela tem, aproximadamente, dois anos e três meses. Para que fosse levada até o Bioparque algumas adaptações foram necessárias. Portões foram colocados, uma cerca de bambu foi instalada e está nos planos uma piscininha para sua recreação.

Mas como veio a ideia do nome? A diretora-geral do local, Maria Fernanda Balestieli contou para gente. "Faz um ano e sete meses, mais ou menos, que nós tomamos conhecimento que estava essa lobinho lá no CRAS e foi bem na época que a Delinha foi internada. A homenagem era pra ser feita em vida, só que para poder trazer um animal pra cá tem que fazer toda uma adaptação no recinto para poder atender o animal. Então demorou um pouco para a gente conseguir ajustar".

"Decidimos fazer essa homenagem por conta da representatividade dela na música sertaneja sul-mato-grossense, então a gente une e conecta a questão da educação ambiental, esse animal está aqui porque tem esse caráter educativo conectada a questão da cultura" contou Maria Fernanda. 

Como foi resgatada muito jovem, Delinha perdeu seus instintos, um exemplo disso é que lobos têm hábitos noturnos, mas ela tem diurnas. Ao perder suas características naturais instintivas. Ela está no Bioparque, porque houve um esforço do local para isso e porque ela não conseguiria voltar para a natureza.

"Ela veio para cá para ser educação ambiental. Para falarmos: olha, esse animal está aqui, ele não pode voltar por conta disso. Explicarmos o que tem que ser feito caso encontre um animal silvestre, para falar sobre questões de tráfico de animais, para falar sobre ações do homem que causam isso e que fazem com que o animal não possa ficar no lugar dele" explicou a diretora-geral. O local já recebeu mais de 65 mil alunos.

Maria Fernanda também contou sobre como funciona a importância dos animais do Bioparque estarem em um ambiente com bem-estar animal. "Existem dois tipos de empreendimentos, um que o animal é um objeto de contemplação, ele é turístico. E tem o outro que é o conceito moderno de aquários e zoológicos que nós adotamos, onde o bem-estar animal é prioridade. Então é respeitado o instinto do animal . Ele não é um objeto, ele é fruto de um meio para o alcance de algo maior. A educação ambiental, a pesquisa, a conservação e o bem estar animal, tem q ter esses quatro requisitos. Se ele quiser aparecer ele vai aparecer, se ele não quiser, vai ser respeitado o instinto dele, se ele quiser ficar na toca de refúgio ele vai ficar, independente.

Delinha tem uma sala de veterinária apenas para ela caso precise de cuidados. Ela também tem um local coberto onde recebe suas refeições e possuí sua própria casinha. Para cuidar não só de Delinha, mas de todos os outros animais, existe uma equipe de biólogos, veterinários e zootecnistas. Carla Kavalski é bióloga chefe e responsável pelo setor de bem-estar animal, ela é uma das responsáveis por Delinha e informou que os animais também possuem um cardápio nutricional personalizado.

Sobre Delinha ganhar uma companhia ainda não se sabe. Os animais, quando resgatados pelo CRAS, a primeira coisa a ser feita é tentar recoloca-los na natureza. Então, Delinha só vai ganhar companhia se outro lobinho for resgatado em estado semelhante ao dela. Entre os outros animais presentes no Bioparque estão os jabutis Leão e Donatelo que foram vítimas das queimadas do Pantanal.

Delinha

Delinha era conhecida como a 'Dama do rasqueado' e morreu aos 85 anos, em 2022, vítima de insuficiência cardiorrespiratória enquanto dormia. Ela nasceu em Vista Alegre, distrito de Maracaju (MS), e foi uma das maiores vozes do sertanejo do Mato Grosso do Sul.