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Assassino de Francielle é condenado a 24 anos de prisão
Adailton Freixeira foi condenado por feminicídio, tortura e cárcere privado
Terça-feira, 22 Novembro de 2022 - 08:31 | Victória de Oliveira
Adailton Freixeira da Silva, de 46 anos, foi condenado a mais de 24 anos de prisão pelo feminicídio de Francielle Guimarães, de 36 anos. O homem manteve a companheira em cárcere privado por 28 dias em residência na rua Cachoeira do Campo, no bairro Portal Caiobá, em Campo Grande (MS), e a submeteu a diversas sessões de tortura, inclusive, na frente dos filhos, um recém-nascido, também agredido pelo homem, e um adolescente, de 17 anos.
Conforme o juiz Matheus da Silva Rebuti, a condenação de Adailton terminou em homicídio qualificado por feminicídio, motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima, com pena de 18 anos e 4 meses, bem como 2 anos e 9 meses de reclusão por tortura e 3 anos e 1 mês por cárcere privado. Ao todo, as penas somam 24 anos e dois meses de reclusão.
Durante depoimento no julgamento, que seguiu por cerca de 11 horas, Adailton negou ter matado a companheira intencionalmente e afirmou que Francielle teria tentado tirado a própria vida. "Peguei no pescoço dela sem intenção de matar, ainda tentei reanimar. Nós vivemos 18 anos juntos. Para mim foi bonito, temos filhos juntos", explicou o acusado.
Erika Guimarães, a filha mais velha de Francielle foi a primeira a ser ouvida na manhã desta segunda-feira, 21 de novembro, durante julgamento do padastro. Em depoimento, relatou episódios de agressão aos quais Francielle era submetida e acusou o irmão, de 17 anos, de ser conivente com a morte da mãe.
A filha explica que a mãe chegou a pedir a separação, porém Adailton não aceitava. A vítima conseguiu ir embora de casa por um período e foi morar com outro homem.
“Minha mãe não amava ele [Adailton]. Estava tão feliz com o Ronaldo, porque ele tratava ela muito bem”, comenta a filha. Adailton, no entanto, não aceitou o relacionamento, O ex-companheiro ameaçava o casal e o filho do novo namorado de Francielle, bem como torturava o filho recém-nascido que tinha com a vítima, então a mulher retornou para a casa de quem viria a ser o assassino dela.
“Ele começou a torturar o psicológico da minha mãe”, declara Erika. A filha ficou uma semana na casa da mãe, com intuito de protegê-la. Após o período, voltou para casa onde mora e chegou a visitar a mãe tempo depois. “Quando voltei minha mãe estava estranha, pediu para eu não deixá-la sozinha. Estava com a boca toda inchada e cabelo preso. Ele bateu nela a noite”, conta.
Sessões de tortura - Na ocasião, Adailton chegou a rasgar as costas de Francielle com faca. “As costas da minha mãe estava toda rasgada. Ele arrancou o cabelo dela na faca”, relembra. Erika conta que foi para a casa da tia durante a discussão e acionou a Polícia Militar para atender a ocorrência. “Ela entrou no carro e foi embora comigo. Limpamos o ferimento dela, que estava com forte odor. Minha mãe ficou dias sem banho, porque ele não deixava”.
A filha conta que Francielle retornou para casa três dias após ter ido embora, por insistência do filho, de 17 anos. “Foi meu irmão quem levou minha mãe para morrer”, acusa. Ainda, afirma que o adolescente não foi ao velório nem ao enterro.
Durante as investigações do feminicídio, a Polícia Civil descobriu que foi o filho quem acionou os socorristas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) em 25 de janeiro de 2022, data da morte de Francielle. Aos profissionais, o adolescente afirmou que a mãe teria tirado a própria vida após ingerir grande quantidade de remédios controlados.
Foi somente após Perícia Médica, por conta de ferimentos nas nádegas, que as sessões de tortura e agressões as quais Francielle era submetida foram reveladas. A irmã acredita no envolvimento do irmão na morte da mãe. “Minha mãe fazia tudo por ele. Até comprou coisas no cartão para o meu irmão e para pagar pegou dinheiro com agiota, entregou até escritura”, lembra.
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