
Maratonista, já disputou provas em vários países acumulando muitos troféus e medalhas. Em 2017 foi capa de revista Runner's. Em suas postagens mostra como é a preparação para as corridas.
Como foi participar da maior maratona do mundo!
Terça-feira, 12 Novembro de 2019 - 04:04
E para fechar a série de relatos sobre a maratona de Nova York quero compartilhar com vocês, em detalhes, tudo o que vivi nesta experiência incrível! Senta que lá vem textão!
Cheguei em NY na sexta-feira (01/11) e já fui direto para a expo da prova, que é o local onde os participantes retiram o kit da corrida (número de peito, camiseta do evento, chip de cronometragem e alguns mimos da prova). O espaço era enorme, no Jacob Javits Convention Center, que além da retirada, continha várias lojas de produtos esportivos, com uma infinidade de coisas, para deixar qualquer pessoa e bolso malucos! A patrocinadora da prova, New Balance, estava repleta de roupas, tênis e acessórios desenvolvidos exclusivamente para a maratona e a vontade que tínhamos era de levar um de cada para casa!! Porém, como ganhamos em reais e a moeda lá era o dólar, tive que me conter com algumas poucas lembrancinhas (menos do que eu gostaria, mais que eu deveria! Rs rs).
A partir daí, o correto era descansar e evitar “bater perna” naquela cidade deliciosa para poupar energia e manter o estoque de glicogênio muscular em alta! Carboidrato e hidratação a mil!! E assim eu fiz (neste caso menos do que deveria, mais do que gostaria! Rs rs), jantei no quarto do hotel mesmo, deixei tudo organizado, roupas, tênis, suplementos, café da manhã, tudo que eu precisava para o grande dia sair como planejado.
Naquela noite houve mudança de horário. Acabava o horário de verão e os relógios deveriam ser atrasados em 1 hora, o que nos permitia, inclusive, 1 horinha a mais de sono (se é que este existiu!!).
A largada foi marcada por ondas. A elite de profissionais largou primeiro (mulheres depois homens) e foi transmitida pela ESPN, às 9h. Depois os amadores começaram suas largadas.
A minha era às 10h e 10min e como o início da prova (em Staten Island) é um lugar bem distante da chegada (Central Park), a própria prova fornece vários ônibus que levam os corredores até o local, demorando cerca de 1h e 30min para chegar. Por este motivo, tivemos que sair do hotel já prontos, antes das 6h da manhâ em direção ao ponto de saída dos ônibus.
Comi meu sanduiche de queijo, meu café preto e levei outro sanduba e uma banana comigo, afinal seria bastante tempo de espera até o início da prova (precisava de “combustível”!). A temperatura estava cerca de 6 graus, então a estratégia foi vestir por cima da roupa da corrida (eu gosto de correr de shorts) um moletom e a cobertinha do avião (gentilmente cedida pela Latam! Rs rs), que seriam descartados antes do inicio da prova e são levados para doação pela organização.
A saída dos ônibus estava muito organizada. A quantidade de pessoas era enorme, mas a de ônibus também, então apesar da fila, tudo fluía muito rápido e em poucos minutos de espera, já estávamos embarcados, rumo ao grande objetivo.
Foram 90 minutos de papo, risadas e amizades novas dentro do ônibus repleto de corredores de várias partes do mundo, que vai deixando o nervosismo mais longe e faz a gente entrar no clima com facilidade.
Chegando no local da largada, uma estrutura imensa, com enorme segurança, detectores de metais e pessoal treinado para evitar qualquer problema, direcionava os corredores a suas baias de largada. Vários banheiros, pontos de apoio com água, barrinhas, frutas e corredores animados faziam o coração ficar mais acelerado com a chegada do grande momento!!
Com alguns minutos de antecedência, me posicionei no local de minha largada e já comecei a deixar algumas peças que me aqueciam por ali, ficando apenas com o casaco que mais tarde seria descartado também. Agora o frio não era mais na pele, era aquele na barriga mesmo! A emoção do inicio da prova, aquela prova que tanto treinei e esperei, estava ali a pouquíssimos minutos de começar!
Larguei na parte de baixo da Ponte Verrazano-Narrows, e antes do tiro de canhão que é disparado como sinal do começo da prova, o hino dos EUA, seguido da musica New York New York, me fizeram chorar pela primeira vez! É muito legal ver o amor que os americanos tem pela pátria e o respeito pelo evento e pelas pessoas que estão lá participando e trabalhando nesta festa.
Relógio acionado e pernas pra que te quero!! Começou!! Eu estava mesmo correndo em Nova York, na maior maratona do mundo! Rodeada de pessoas do mundo inteiro (55.000 participantes!), com suas histórias e superações pessoais! Ali todos juntos com um mesmo objetivo, aproveitar e terminar a prova transbordando felicidade e realização!!
Ao entrar no Brooklyn, bairro que eu particularmente acho o mais charmoso, me emocionei de novo ao ver as pessoas (adultos, crianças, idosos) amontoadas nos cavaletes, incentivando, gritando, cantando, levantando cartazes, dançando, acenando, sorrindo para nós!! Uma energia indescritível, que permaneceu durante a prova toda! A cada 1000 metros pelo menos, uma banda de música ou um som ligado, até mesmo coral de igreja (daqueles que vemos nos filmes americanos), cantavam animados com a nossa passagem!
Aquilo tudo me encantou e às vezes era preciso que eu diminuísse o passo, afinal, não podia exagerar no inicio da prova, para que não me faltasse perna e energia para chegar até o final. Como sempre diz meu treinador: faz o que treinou, segura até o km 30/35 e a partir daí, se sentindo bem, pode ligar o “turbo” e acelerar! Mas acho que meu turbo estava com problema e passou acionado, praticamente o tempo todo! Rs rs
A prova é dura, dizem por aí que é cheia de subidas, mas eu estava tão extasiada com tudo aquilo, que confesso não ter sentido muito isso não! No km 21, que é o meio da prova, dei aquela analisada geral em meu estado (pés ok, panturrilhas ok, coxas ok, quadril ok, respiração beleza...) e percebi que estava bem! Segui firme aproveitando a prova e correndo com alegria! Não queria ficar preocupada com tempo ou ritmo, mas tudo estava fluindo tão bem, que me deixei levar!
A temperatura estava em 10 graus e o restante de roupas que me aquecia já tinham sido retiradas antes do km 4! A cada 2,5km mais ou menos, tínhamos isotônico e água a vontade. A quantidade de pessoas correndo era grande, então nesse momento era preciso dar uma leve diminuída para não ser atropelada ou atropelar alguém! Fora isso tudo certo, era só administrar!
A cada ponto de cronometragem que eu passava, eu só pensava nas pessoas que estavam me acompanhando pelo aplicativo! Minha família, meu grupo de corrida (que faz narração ao vivo pelo WhatsApp, um barato!!), meus amigos, a galera do Insta! E isso só me ajudava a permanecer feliz e confiante!!
Eu continuava maravilhada, quando chegou a tal “ponte do terror”, lá pelo km 25, a Queensboro, uma subida fria, úmida, onde os expectadores não podem ficar para incentivar, e só se ouve a respiração ofegante dos participantes concentrados e já cansados, entrei com tanto respeito nesta parte, que sinceramente, mais uma vez, não achei tão ruim assim! A recompensa vem, quando após quase 3km, ouve-se o barulho da multidão aguardando na saída da ponte!! Chora mais uma vez, Patricia!!
A partir daí só alegria de novo! Foram 30km, 32km...é claro, que nesta altura, o cansaço já aparecia, mas em nenhum momento pensei em diminuir o ritmo ou achar que algo poderia dar errado. Eu só pensava comigo: só mais um pouco, só mais 10km, uma prova de 10km você faz tranquila! Então vamos, respira fundo e continua! Você está bem!!
Não olhava muito para o tempo, apenas para tentar manter o ritmo e não ficar muito fora (para mais ou para menos) daquilo que eu tinha treinado!
A galera continuava gritando e via-se pessoas com comida nas mãos (banana, laranja descascada, coca-cola, bolos, pães), tudo para garantir um gás extra aos sofridos participantes. Géis de carboidratos eram distribuídos pela organização e pontos de apoio médico sempre alertas para qualquer necessidade dos atletas.
Chegando na 5ª avenida, já em direção ao final da prova no Central Park, o “bicho” pegou! Era no km 38/39, e aquela subida doída, com meu corpo já cansado, me fez tirar de dentro, uma força que só a maratona consegue tirar! Eu não estive preocupada com tempo ou performance no decorrer da prova, mas quando percebi que estava bem, o tempo de prova estava lindo e faltavam apenas os 4km finais, eu não podia diminuir!! Eu tinha que manter e finalizar aquela experiência da melhor forma possível! Eu treinei, treinei duro! Não tinha dores e já estava no finalzinho!! Vamos, Patricia! Vamos! Daqui a pouco esta dor será só mais uma história para contar!
E foi o que fiz!! O Central Park, “bonitinho, mas ordinário” também era cheio de sobe desce, e quanto mais eu procurava a linha de chegada, mais longe ela parecia!!
As pessoas gritavam: “vai! Está quase! Está acabando!” Cadê, meu Deus, cadê?? O relógio já tinha apitado 42km, faz tempo, já tinham 42,500 e nada!! Mas...finalmente, ali na frente, estava ela!!! A tão esperada, a tão aguardada, a tão sofrida e suada, LINHA DE CHEGADA!!
Chorei!! Foram 5 meses, esperando AQUELE momento!! Aquele EXATO momento!! E ele estava ali!! Lindo! Gostoso! Minha melhor prova! Meu melhor tempo! Melhor do que eu sonhei! Melhor do que podia esperar!! Peraí, deixa eu limpar as lágrimas de novo aqui para continuar escrevendo...
Caminhando mais um pouco, ganhei minha MERECIDA medalha!! E logo mais à frente, com todo carinho do mundo recebíamos comida e um poncho bem quentinho para nos aquecer do frio que fazia no momento!
E foi assim! Foi assim que completei a Maratona de Nova York, meu relógio marcava 42,950km (por conta das curvas e ultrapassagens) em exatos 3:48:11, me garantindo o índice para a Maratona de Boston em 2021 e deixando na minha memória a prova mais linda e incrível que eu poderia ter feito!!
Se você chegou até aqui, muito obrigada! Espero ter conseguido, mostrar um pouco deste momento e descrever a experiência maravilhosa que vivi!! Dá uma olhada no album de fotos, coloquei algumas bem interessantes para descrever o que disse aqui!!
Até a próxima!!
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