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Polícia

'Violência contra as mulheres começa nos pequenos gestos', diz subsecretária de políticas das mulheres

Violentômetro: aprenda a identificar os ciclos de violência contra a mulher e combater

Segunda-feira, 04 Março de 2024 - 14:10 | Marina Romualdo


'Violência contra as mulheres começa nos pequenos gestos', diz subsecretária de políticas das mulheres
A subsecretária de Políticas para Mulheres, Carla Stephanini e a coordenadora de Projetos de Ações Temáticas, Márcia Paulino (Foto: Luiz Alberto)

A violência contra as mulheres começa nos pequenos gestos que muita das vezes não são percebidos como violência pelas vítimas. Porém, são sinais de que o respeito não existe e tende a pior. Segundo a advogada e subsecretária de Políticas para Mulheres da Prefeitura de Campo Grande (SEMU), Carla Stephanini, a violência não começa grave, mas sim, com pequenos sinais que chegam na violência física, sexual, psicológica e patrimonial.

"Na relação doméstica, familiar, é um algo que possui afeto e essas situações não acontecem muito rapidamente. É algo que vai se instalando aos poucos com pequenos sinais que vai evoluindo. A nossa sociedade patriarcal que gera o machismo, sendo a figura do homem, uma figura central do controle social como – econômico, político e, sendo assim, ele acaba achando que também tem um controle sobre as mulheres. Desta forma, o nosso trabalho é justamente combater e fazer uma transformação social e, por isso, o trabalho é desafiador", explicou Carla.

A psicóloga e coordenadora de Projetos de Ações Temáticas, Márcia Paulino, afirmou que o ciúme não é uma demonstração de amor, ele é uma demonstração de controle. "Muito das vezes no início da relação, a pessoa acha que o ciúme é algo bonitinho – ‘ah, ele tem ciúmes da roupa que eu uso, das minhas conversas’, mas às vezes o controle da roupa que usa, e das amizades, já são sinais de que essa pessoa tem um controle sobre você que na maioria das vezes pode tornar-se violenta".

Indagada sobre as ações da SEMU, Carla reforçou que a subsecretária é responsável por formular, articular, executar as políticas públicas para as mulheres. "As atividades visam fazer com que as mulheres sejam as protagonistas socioeconômicas, políticas, e cultural da nossa sociedade. É por isso que hoje, todo esse trabalho, esse movimento de mulheres é para que cada vez mais o protagonismo seja para os homens e mulheres. Por isso é possível ver toda essa evolução que estamos passando das mulheres – como elas se graduando, ocupando o mercado de trabalho, ocupando lugares de destaque de liberação e, claro na medida ainda que nós podemos e devemos, especialmente na presença das mulheres na decisão quanto no âmbito público como na empresa privada".

'Violência contra as mulheres começa nos pequenos gestos', diz subsecretária de políticas das mulheres
Violentômetro: aprenda a identificar os ciclos de violência contra a mulher (Foto: Luiz Alberto)

Já a psicóloga, relatou que a subsecretaria trabalha para transformar isso em realidade. “A gente desenvolve ações em dois eixos, o qual é a – prevenção a igualdade, prevenção da violência e no eixo de atendimento que a gente faz através da Casa da Mulher. Dentro do eixo da prevenção da igualdade, a gente faz palestras, rodas de conversa, oficinas, unidade. Nós buscamos chegar nessas mulheres a partir das políticas públicas. A sociedade ainda acha que a violência é normal. Nós já mudamos muitas coisas, mais infelizmente, ainda tem gente que acha que as coisas ainda são assim, em que a mulher tem que ser controlada. Sendo assim, a gente tenta chegar nessas mulheres por meio das demais polícias publicas, fazendo palestras com alunos, unidades de saúde e, claro que não conseguimos chegar em todas as mulheres. Mas, a nossa ação principal é fazer a divulgação dos direitos das mulheres e promover a igualdade e combater a violência”

"Precisamos informar a sociedade para não tolerarem mais a violência contra a mulher. Que viver sem a violência é o direito das mulheres, que elas entendam isso, que elas não precisam se manter em um relacionamento que seja de agressões. Hoje em dia a gente acredita em uma família que aja com igualdade, que o homem não é o chefe da família, e, a responsabilidade comum entre o casa. Quando mais igual à sociedade promove a igualdade, no trabalho, dentro de casa, menos violência existe. Com isso, o nosso trabalho é levar a informação para que as pessoas precisam desenvolver formas de relacionar que sejam mais iguais. Mesmo o direito que ele tem de ir lá jogar bola, a mulher tem direito de ir aonde ela quiser com as amigas. Sem esse controle, dominação do homem. Eu tenho que dizer que eu posso, pois, você também tem o direito. E, orientamos as mulheres sobre os direitos e no caso que ela sofra uma violência, é preciso que ela procure ajuda", esclareceu Márcia.

Por fim, a subsecretária de Políticas para Mulheres, salientou que no Brasil, existe uma das três melhores leis do mundo para coibir a violência doméstica e familiar, sendo a Lei da Maria da Penha. As pessoas conhecem essa lei e os serviços foram ampliados especialmente para atender as mulheres. A Casa da Mulher Brasileira, em Campo Grande, é uma referência nacional e tem uma suma importância ao trabalho de fazer o resgate dessa mulher e garantir a oportunidade dessa mulher reconstruir a sua vida".  Para denunciar, basta acionar os números 180 (Central de Atendimento à Mulher), 190 (Polícia Militar) e 153 (Patrulha Maria da Penha) ou se dirigir até a Casa da Mulher Brasileira, que fica localizada na Rua Brasília s/n, no Jardim Imá, em Campo Grande. 

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