Polícia
'Vamos assegurar o processo legal para qualquer cidadão brasileiro', dizem advogados de feminicida
Messias Cordeiro da Silva confessou matar a ex-namorada e o colega de trabalho dela no mês de abril deste ano
Segunda-feira, 10 Julho de 2023 - 18:00 | Marina Romualdo
A primeira audiência de instrução e julgamento do acusado, Messias Cordeiro da Silva, de 25 anos, foi realizada nesta segunda-feira, 10 de Julho, na 2ª Vara do Tribunal do Júri, em Campo Grande (MS). Ele confessou que ceifou a vida da ex-namorada, Karolina Silva Pereira, de 22 anos e o colega dela, Luan Roberto de Oliveira, de 24 anos, no dia 30 de Abril, no bairro Colibri, na Capital.
De acordo com os advogados de defesa, Caio Moura e Antony Martines relataram ao Diário Digital que ainda não apresentaram a defesa preliminar do acusado. "Será oportunizado para apresentar os argumentos e as testemunhas de defesa na próxima audiência".
Indagado sobre a inocência do cliente, o advogado Caio afirma que Messias desde o primeiro momento não nega o cometimento de fato. "No entanto, vamos resguardar durante o processo para poder demonstrar as causas que o levaram para o cometimento desse crime. Em primeiro lugar, respeitar as memórias das vítimas, pois, não estão mais aqui para poder se defender e assegurar o processo legal para qualquer cidadão brasileiro", finalizou.
Durante a audiência, as mães das vítimas até amigas de trabalho onde ambos trabalhavam foram ouvidas. Entre elas, estava a amiga das vítimas fatais, Juliana Ferreira Rocha afirmou que a Karolina havia dito que estava sendo perseguida pelo autor dos disparos. "Ela ia fazer uma semana que estava trabalhando no estabelecimento na segunda-feira. Ela era muito meiga e tinha adquirido experiência. Em um certo dia em que estávamos conversando, ela se abriu comigo e me disse que estava sendo perseguida, ameaçada e havia três meses que não estava saindo de casa com medo. Eu ainda a perguntei, se ela havia feito boletim de ocorrência contra Messias, mas, ela era tão inocente, que respondeu 'mas ele nunca me bateu'.
Juliana ainda reforça que na madrugada de domingo (30) pediu para que Luan fosse levar Karolina para casa. "Estávamos fazendo um revezamento entre o Marcos [que é funcionário da pizzaria] e o Luan para levar ela para residência, pois, estava com medo. Neste dia, o Luan tentou ligar para Marcos, mas ele não atendeu as ligações e eu pedi para que ele mesmo a levasse para casa e foi quando ocorreu tudo isso".
Relembre o crime – Messias Cordeiro da Silva foi preso depois de matar o motoboy, Luan Roberto de Oliveira, de 24 anos, e ferir a ex-namorada, Karolina Silva Pereira, de 22 anos. Ele não aceitava o fim do relacionamento.
Os dois estavam retornando do trabalho em uma motocicleta, quando foram surpreendidos pelo autor dos disparos. Karolina foi atingida no pescoço, quando Luan tentou intervir e acabou sendo atingido também. Em seguida, a jovem tenta fugir e é atingida pelas costas com um tiro na cabeça. Após o crime, Messias fugiu do local.
Já na noite de domingo (30), o suspeito se apresentou à 1ª Del. Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) acompanhado de um advogado. A delegada, Elaine Benicasa relatou que o depoimento durou cerca de uma hora. "Ele contou que mantinha um relacionamento amoroso com Karolina, por 8 meses e algumas semanas haviam terminado. A partir desse dia permaneceram trocando mensagens por aplicativo e que em um certo momento, a vítima teria passado a rejeitá-lo".
"Por algumas vezes ele foi até a residência da vítima, esperando ela chegar do trabalho. E, de acordo com ele, sempre na companhia de Luan e inclusive presenciou beijos entre os dois", afirma a delegada. Durante a madrugada de domingo, 30 de Abril, Messias decidiu tirar a vida de Karolina.
No dia do crime, o autor foi até a casa de Karolina em posse de uma arma de fogo calibre 38, estacionou a motocicleta próximo do local e esperou ela retornar do trabalho. "Ela chega na companhia de Luan. Messias presencia ambos se beijando e, segundo ele, se toma por uma raiva incontrolável e, em seguida, ele aparece e efetua os disparos de arma de fogo", informou a Elaine.
No depoimento, o suspeito ainda disse que havia adquirido a arma de fogo há cinco anos com seis munições. Porém, nunca pensou que usaria. Mas, com o término do relacionamento, começou a pensar em usar o objeto.
Após o crime, Messias fugiu e ficou escondido na chácara do seu genitor, Elio Dias Rocha da Silva, de 63 anos. No entanto, foi localizado e preso em flagrante. A arma usada no crime foi apreendida em posse do pai do suspeito. Além disso, vale destacar que o autor não apresentou nenhum sinal de arrependimento pelo assassinato.
O autor dos disparos está preso e vai responder pelos crimes de homicídio qualificado e feminicídio.
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