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Polícia

'Número de atendimentos não condiz ao total de vezes que paciente foi até UPA', diz Sesau sobre Sophia

Sophia de Jesus Ocampo, de apenas 2 anos e sete meses foi morta por mãe e padrasto que estão presos

Segunda-feira, 30 Janeiro de 2023 - 17:00 | Marina Romualdo


'Número de atendimentos não condiz ao total de vezes que paciente foi até UPA', diz Sesau sobre Sophia
Stephanie de Jesus da Silva e Christian Campocano Leitheim seguem presos (Foto: Reprodução/Rede Social)

A pequena Sophia de Jesus Ocampo, de apenas 2 anos e sete meses foi morta pela mãe, Stephanie de Jesus da Silva, de 24 anos e pelo padrasto, Christian Campocano Leitheim, de 25 anos, na última quinta-feira (26) na Vila Nasser, em Campo Grande (MS). A mãe da criança a levou já sem vida para UPA Coronel Antonino.

Durante as investigações, o que chamou atenção da Polícia Civil é que a menina havia sido atendida mais de 30 vezes na unidade de pronto atendimento. Inclusive, em uma delas, ela estava com a tíbia quebrada.

Em nota, Secretaria Municipal de Saúde (Sesau) informou que em uma única ida à unidade de saúde, o paciente possui diversos atendimentos, como acolhimento, triagem, consulta médica e medicação. Desta forma, este número de atendimentos não corresponde ao número total de vezes que a paciente foi até a UPA. "Todos os atendimentos foram prestados conforme era de competência da unidade de saúde".

Indagada sobre o porquê que a assistência social não tomou nenhuma atitude em relação aos hematomas e fratura atípica que a menina estava apresentando em alguma das idas na unidade de saúde, a Sesau explica que as investigações relacionadas às agressões são de competência da polícia. "Além disso, ainda que nos atendimentos realizados anteriormente à morte da criança, não foram identificados tais sinais".

Sophia não foi atendida pelo médico 30 vezes, explica Sesau
Sophia de Jesus Ocampo de apenas 2 anos e sete meses foi morta pela mãe e pelo padrasto (Foto: Reprodução/Rede Social)

Na sexta-feira (27), a Perícia Técnica da Polícia Civil foi até a residência onde Sophia foi morta. Os investigadores apreenderam diversos pertences da família como 2HDs, 2CPUs e documentos que irão passar por perícia.

A Polícia Civil através da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DEPCA) relatou ao Diário Digital que o laudo pericial que irá constatar a morte e o suposto estupro de vulnerável ainda não ficou pronto.

O casal estava preso desde quinta-feira (26) e no último sábado, 28 de Janeiro, a Justiça de Mato Grosso do Sul decretou a prisão preventiva do casal. Stephanie foi encaminhada o estabelecimento Penal Feminino "Irmã Irma Zorzi" e Christian para a Penitenciária Estadual Masculina de Regime Fechado da Gameleira.

Na decisão, o juiz Carlos Alberto Garcete de Almeida entendeu que é prudente manter a prisão para impedir que o casal tente atrapalhar o andamento regular do processo. "Conforme noticiado nos autos, a criança somente foi levada para o Pronto Socorro após o período de 04h de seu óbito, o que evidencia que os custodiados tentaram alterar os objetos de prova. Se solto, certamente de tudo fará para dificultar ou desfigurar as demais provas", afirma no despacho.

Sophia não foi atendida pelo médico 30 vezes, explica Sesau
A Péricia Técnica está na residência dos envolvidos (Foto: Vinicius Souza/TV MS Record)

O caso – O boletim de ocorrência informa que a mãe levou a criança já morta até a UPA Coronel Antonino na Capital. A criança estava com diversas lesões pelo corpo e com as partes íntimas da menina apresentavam-se excessivamente dilatadas.

Quando foi informada sobre o óbito, a mãe não esbouçou reação nem remorso, descreve o registro policial. A Polícia Civil afirma que as investigações apontam que o padrasto teria orientado a genitora a dizer que a criança “caiu do playground [parquinho]”.

Foi apurado que o pai da criança havia registrado dois boletins de ocorrência no ano passado por maus-tratos à filha na Depca, um em março e o outro em novembro. Os registros policiais foram abertos após o genitor notar hematomas na menina. Conforme a delegada, o registro havia sido encaminhado para o Poder Público. Ambos boletins haviam sido finalizados e encaminhados para o Poder Público.

Em depoimento, Stephanie confessou as agressões. A delegada da DEPCA, Anne Karine Sanches Trevizan Duarte disse que a mãe afirmou que a criança era agredida fisicamente pelo padrasto e algumas vezes por ela, como forma de ‘correção’. "A genitora contou também que não denunciou as agressões porque o companheiro ameaçava tirar a guarda da outra filha, da qual o agressor era o pai biológico", relata a delegada.

Passagens por violência doméstica – O padrasto preso possuía passagens na polícia por violência doméstica contra a ex-companheira, com a qual também possui um filho. Além disso, divide um boletim de ocorrência restrito com a mulher por maus-tratos a animais, registrado no ano passado na Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Ambientais e de Atendimento ao Turista (DECAT).

A mãe também era autora dos dois boletins de ocorrência registrados pelo genitor da menina no ano passado. O homem permaneceu em silêncio durante o interrogatório do caso mais recente, destaca a delegada. 

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