Polícia
Idosa que matou e esquartejou o marido revela que era estuprada
Defesa de Aparecida Graciano de Souza contou que ela sofria maus-tratos e era ameaçada de morte
Domingo, 04 Junho de 2023 - 15:12 | Marina Romualdo
A idosa, Aparecida Graciano de Souza, de 61 anos, que matou e esquartejou o próprio marido, Antônio Ricardo Cantarin, de 64 anos, relata que sofria maus-tratos e era forçada a manter relações sexuais com a vítima. De acordo com advogado, Júlio César Sanches Nunes, a suspeita deve prestar um novo depoimento em breve.
Com uma nova versão dos fatos, o advogado de defesa contou durante a entrevista para o Perfil News, que a cliente revelou que sofria maus-tratos, que constantemente era ameaçada de morte pelo marido e que o idoso a embebedava para manter relações sexuais de forma forçada.
Segundo o advogado, aconteceu uma série de fatores que fizeram a idosa chegar ao extremo e acabar comentendo o crime. Além disso, Aparecida relatou também que esquartejou a vítima por não conseguir carregar o corpo sozinha. A suspeita está presa em um presídio de Três Lagoas (MS), mas a defesa entrou com o pedido de habeas corpus para que ela responda o crime em liberdade.
Testemunhas – Uma vizinha do casal contou durante o depoimento que conhecia Aparecida, antes mesmo dela se mudar para o bairro. "Ela mentia muito e gostava de se fazer de vítima", disse. Já quanto ao idoso, a mesma relata que era uma pessoa boa e tratava todos bem. E, que o acidente vascular cerebral (AVC) teria deixado sequelas no corpo de Antônio.
No dia dos fatos, a testemunha contou que resolveu ir ver a vítima, pois, Antônio ficava muito sozinho. Quando ela chegou na casa, encontrou o idoso sentado no chão ao lado do vaso sanitário. Então, ela ajudou ele a sentar no vaso e percebeu que o celular dele estava sem o Whatsapp. Quando pegou o aparelho, também viu que estava sem chip para fazer ligações.
Quando a autora retornou para a residência, a vizinha voltou e a indagou sobre o celular da vítima. "Ela disse que não sabia, pois, não era ela tinha tirado o chip". Durante o depoimento, a vizinha também disse que desde quando Aparecida casou com Antônio, os vizinhos ficaram desconfiados, pois, era uma "nova e foguenta" e em pouco tempo de relação, teria passado o carro e uma das casas da vítima para o seu nome. Inclusive, a testemunha informou aos policiais que o casal brigava e muita das vezes a autora era chamada de ladra.
Conforme o documento que o Diário Digital teve acesso, mostra que um dia após a morte da vítima, a mesma testemunha foi até a casa do casal e perguntou de Antônio. Como ele já estava morto, Aparecida disse que na noite anterior o sobrinho dele veio o buscar para fazer um tratamento no interior de São Paulo (SP).
Vale destacar que na semana em que a vítima foi morta, Aparecida lavou muitas roupas de cama. Indagada pela vizinha, ela falou que os panos estavam sujos de fezes do marido e queria deixar tudo limpo antes que o Antônio voltasse de viagem. Por fim, a testemunha lembra que nunca viu uma pessoa com tanta habilidades com cortes. "Ela cortou um frango em 24 partes sem cortar nenhum osso. Aparecida tinha muito habilidade com cortes".
O caso – Na última segunda-feira, 29 de maio, Antônio foi morto intoxicado por veneno de rato. Conforme relato de Aparecida de Souza, ela lembrou que sua irmã já ingeriu o tóxico conhecido como "mão branca" e quase veio a óbito e, diante disso, resolveu dar ao marido afirmando que era remédio.
O homem vivia sob cuidados dela após ter sofrido um AVC. Ao ser interrogada, a assassina confessa esclareceu que a vítima a maltratava e, apesar da assistência que dava ao marido por conta de dificuldades de locomoção, Antonio não a valorizava, dizia que ela o roubava e a ameaçava.
Pela manhã do dia 22 de maio, ela fez o marido ingerir o veneno. A mulher conta que passou o dia indo ao quarto e checando se a vítima, que estava acamada, havia morrido. Ao anoitecer, constatou que Antonio havia falecido e cobriu o corpo com um lençol. A autora relata ainda que escolheu dormir em outro cômodo e afirmou estar “fria e sem sentimentos”.
Na terça-feira, 23 de maio, passou a ficar preocupada com o que faria com o cadáver. Então, esquartejou o marido, separando o tronco, a cabeça e membros, pois “sempre matou porcos e sabia como fazer tal procedimento”. A idosa colocou um plástico em cima da cama que ele estava, bem como usou panos para conter o sangramento, e deixou as partes do corpo sobre o móvel.
O cadáver começou a exalar forte odor na quarta-feira, 24 de maio. Então, Aparecida colocou o tronco do marido em uma mala e chamou dois rapazes conhecidos para auxiliá-la a colocar a mala no carro. Os homens estranharam o cheiro forte e a questionaram, momento em que a autora respondeu que havia colocado veneno de rato na casa e alguns animais mortos deveriam ter sido colocados por engano na mala cheia de retalhos.
A autora relata ter dado carona aos homens até as residências deles e que pagou cerca de R$ 30 pelo serviço. Depois, dirigiu-se até a BR-158, saída para Três Lagoas (MS), e empurrou a mala do veículo, retornando para Selvíria (MS) em seguida.
Após relatar diferentes versões, a idosa não sustentou a versão e confessou o crime. Ela foi presa e irá responder pelo homicídio qualificado de Antônio Ricardo em reclusão.
Passagens pela polícia – O idoso, Antônio Ricardo Cantarin, de 64 anos, que foi morto e esquartejado pela própria companheira tinha passagens pela polícia pelo crime de estupro de vulnerável.
Segundo as informações policiais, o idoso cometeu o crime no ano de 2018 contra a neta de sua ex-companheira na época. Na ocasião, a menina relatou a vítima fatal teria lhe mostrado o pênis e foi obrigada a tocá-lo.
No entanto, vale destacar que a polícia afirmou que a morte do idoso não tem qualquer relação com a passagem pela polícia. Sendo assim, após confessar o crime, Aparecida foi presa em flagrante.
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