Familiares dizem que suspeito de feminicídio sofria de depressão

Familiares de Cláudia Franciele Cabreira Pereira e Kaio Vinicius da Silva Maciel Gavioli, de 28 e 32 anos, se despediram do casal em um velório conjunto, no bairro São Francisco em Campo Grande, na manhã desta quinta-feira (22). De acordo com os parentes mais próximos, eles estavam juntos há 10 anos, em um relacionamento sem histórico de brigas, mas Kaio tratava depressão e havia suspeita de ter desenvolvido esquizofrenia.

A equipe do Diário Digital conversou com Lidiane Maciel, de 40 anos, irmã de Kaio Vinicius. Muito abalada, ela não aceita que a fatalidade seja investigada como feminicídio e pede para que as pessoas não negligenciem o diagnóstico de depressão. 

“Meu irmão tratava depressão e, na última consulta com o psiquiatra, na segunda-feira [19], a dosagem do remédio foi dobrada por suspeita de esquizofrenia. Eu pedi para minha cunhada internar o Kaio, mas ela disse que ‘não precisa, não chegamos a esse ponto’. Eles nunca brigaram, sempre foram respeitosos. Meu irmão era maravilhoso”, diz Lidiane emocionada.

Lidiane diz que as duas famílias estavam cientes do tratamento e davam apoio. Eles não acreditam em homicídio doloso, quando há intenção de matar.

“Não tem feminicídio nenhum, ele teve um surto de uma doença silenciosa que infelizmente está matando um monte de gente. Tanto que na hora que ele acordou, quando deu por si, decidiu se matar na rodovia, eu acredito. Ele não era esse monstro, ele estava doente e a gente não conseguiu tratar a tempo. As famílias estão unidas, a dor é compartilhada”, defende.

O caso segue sendo investigado pela delegada Larissa Serpa, da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (DEAM) de Campo Grande. O casal morava em uma casa no Jardim Colúmbia, na região Norte da Capital.

Entenda o caso - Kaio Vinicius da Silva Maciel Gavioli colidiu por volta das 07h30 desta quarta-feira (21) de frente com um caminhão e morreu na BR-163.

O motociclista estava pilotando uma Honda CG 125 quando perdeu o controle da direção e bateu contra o veículo. A moto chegou a ser arrastada por quase 50 metros até que o caminhoneiro conseguisse parar.

Durante a ocorrência, o delegado da Delegacia de Polícia Civil de Jaraguari (MS), Jarley Inácio de Souza informou que foram encontradas perfurações de faca no pescoço e tórax, o que explica a perda de controle da direção. E, em um dos bolsos da vítima estava o cartão do plano de saúde de Cláudia.

Em diligências, a polícia entrou em contato com o trabalho da mulher para saber informações da mesma. Pela empresa, foi informado que a vítima não teria ido trabalhar. Em seguida, começou a apuração para identificar onde ela estava.

A Polícia Civil conseguiu acessar a residência do casal e identificou o óbito de Cláudia com diversas perfurações de faca no local. Já Kaio, foi encontrado com 18 perfurações superficiais pelo corpo.