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Polícia

"Eu não teria coragem de matar a minha própria filha", afirma mãe de Sophia

Sophia tinha dois anos e foi morta dia 26 de Janeiro deste ano; mãe e padrasto são réus pelo crime

Terça-feira, 05 Dezembro de 2023 - 18:12 | Taís Wölfert e Marina Romualdo


"Eu não teria coragem de matar a minha própria filha", afirma mãe de Sophia
Stephanie era a responsável por sustentar a casa "porque o marido não gostava de trabalhar" (Foto: Marina Romualdo)

Mais uma audiência de instrução do processo sobre o caso Sophia Jesus Ocampos que morreu em 26 de Janeiro de 2023, aos dois anos de idade, foi realizada nesta terça-feira, dia 5 de Dezembri. A mãe da menina, Stephanie de Jesus da Silva, e o padrasto, Christian Campoçano Leitheim, são réus pelo crime. 

Ele é acusado por homicídio triplamente qualificado e estupro de vulnerável. Enquanto Stephanie foi denunciada pela omissão de socorro da menina e por homicídio. Pela primeira vez em uma audiência, Stephanie falou sobre o caso.

Segundo ela, a casa era suja porque ela trabalhava de segunda-feira a sábado e as tarefas eram divididas com Christian, que não as fazia. Era Stephanie a responsável por sustentar a casa "porque o marido não gostava de trabalhar".

No dia da morte da menina, Stephanie afirmou que chegou em casa e a filha estava passando mal. "Eu não cheguei a ver ele fazendo isso. Acredito que quando ele estava no banheiro e voltou com o cabelo dela molhado. Na hora que estava mandando mensagem pra minha mãe porque ela estava com dor na barriga. Com barriga inchada".

Mãe de Sophia: 'Eu não mataria minha própria filha'
Pai de Sophia, Jean Carlos Ocampo e seu companheiro, se abraçam no Fórum antes do depoimento da ré (Foto: Luiz Alberto)

A mulher falou que nunca bateu em Sophia, apenas a deixava de castigo para pensar e frisou: "Eu não teria coragem de matar a minha própria filha".

Além disso, ela afirmou que Christian era agressivo com todos e a agredia. Segundo Stephanie, ele também era viciado em drogas e a forçava a fazer uso também. Ela afirmou ter ficado com a perna preta devido a agressões dele contra ela.

Quando questionada sobre o motivo de continuar com ele, Stephanie frisou a pressão psicológica que ele fazia. "Eu tinha medo das ameaças, ele fazia pressão psicológica. Eu já tinha sido abandonada pelo meu ex e não queria isso. Não queria que minhas filhas ficassem sem pai".

Por fim, ela afirmou que foi Christian quem matou Sophia.

Em entrevista para o Diário Digital, o pai de Sophia, Jean Carlos Ocampo, que é casado com Igor de Andrade, contou como se sente após esse tempo passado com as audiências. 

"A vida não para, nós temos que continuar, a gente tem que continuar a caminhar. Mesmo não querendo continuar a vida continua, e nós temos que continuar lutando por justiça pelo que fizeram com a Sophia. É difícil, é muito difícil sabe. Faço uso de medicação, tenho ajuda de psicólogo para poder continuar, porque é muito dolorido estar aqui. O que fizeram com a Sophia foi uma crueldade que não tem como explicar".

Mãe de Sophia: 'Eu não mataria minha própria filha'
(Foto: Luiz Alberto)

Morte - Sophia Jesus Ocampos morreu em decorrência de um traumatismo raquimedular, isto é, lesão na coluna vertebral. Laudo também constatou que ela havia sido estuprada, porém, "não recente". Ela morreu entre 9h e 10h de 26 de janeiro de 2023, mas só foi levada ao hospital às 17h.

Mãe não teria esboçado surpresa ou remorso quando soube da morte da filha, segundo descreve o registro policial. A Polícia Civil afirma que as investigações apontam que o padrasto teria orientado a genitora a dizer que a criança “caiu do playground [parquinho]”.

Durante as investigações, o que chamou atenção da Polícia Civil é que a menina havia sido atendida mais de 30 vezes na unidade de pronto atendimento. Inclusive, em uma delas, a criança estava com a perna quebrada. Com a apuração, foi constatado que a pequena teve a perna quebrada com um chute do padrasto, Christian.

O Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público do Estado, analisou as mensagens trocadas entre Christian Campoçano Leitheim e Stephanie de Jesus da Silva e constatou que os réus torturavam. Foi feita quebra de sigilo telefônico no celular de Christian. 

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