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Polícia

Acusados pelo assassinato de Matheus negam envolvimento no crime

Jamilzinho negou as acusações e relatou também não conhecer os executores contratados pelo homicídio

Terça-feira, 18 Julho de 2023 - 19:00 | Marina Romualdo


Acusados pelo assassinato de Matheus negam envolvimento no crime
O réu Jamil Name Filho foi o último a ser ouvido na julgamento (Foto: Marina Romualdo)

Os réus Jamil Name Filho, o Jamilzinho, Vladenilson Daniel Olmedo e Marcelo Rios foram ouvidos na tarde desta terça-feira, 18 de Julho, no Fórum de Campo Grande (MS). O trio é acusado pelo assassinato do estudante de Direito, Matheus Coutinho Xavier, que ocorreu no dia 09 de Abril de 2019, na Capital. Jamilzinho negou as acusações e relatou também não conhecer os executores contratados pelo homicídio.

Na data, o primeiro a falar foi o Vladenilson Daniel Olmedo, o Vlad. Ele relatou que conheceu o Jamil Name, o pai, através do Pantanal Cap – que é um certificado que dá prêmios e ainda contribui com ações humanitárias da Cruz Vermelha, quando passou a trabalhar na empresa após ser aposentado da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul. "Fazia serviços como ir ao banco, escritórios, realizar pagamentos e entre outros. Tinha um trabalho normal como os outros, nunca foi pedido para fazer nada de estranho". Já em relação a conhecer os executores, que foram identificados como José Moreira Freires, mais conhecido como Zezinho e Juanil Miranda Lima, ele nega as informações.

"Em relação ao pai de Matheus, Paulo Roberto Xavier, o "PX", o réu afirma que conheceu o mesmo, pois, também trabalhava para os Names. E, informou ainda que "PX" tinha uma liberdade na casa da família. Além disso, ele disse que resolveu sair da empresa por um período e, quando voltou a trabalhar para o Jamil Name, o pai, voltou a trabalhar na residência deles e conheceu Marcelo Rios.

Indagado se procurou a advogada de "PX" para saber onde ele estava, negou as acusações e também desconhece o veículo que foi utilizado no crime, um Chevrolet Onix, de cor branca. "Eu sou inocente, não tinha conhecimento de nada e não atuei como intermediário de crime nenhum".

Acusados negam envolvimento no crime
Jamilzinho, Vlad e Marcelo Rios, da esquerda para direita são os réus (Foto: Luciano Muta)

Já Marcelo Rios, confessou durante sua prisão em 2019, que as armas que foram apreendidas em uma residência que pertencia a Jamil Name, durante a Operação Ormertà, no bairro Monte Líbano, eram dele próprio. No início do depoimento, ele negou conhecer Juanil. Porém, ao longo do interrogatório disse que foi procurado por Juanil, um dos executadores da morte de Matheus, para esconder o arsenal pelo valor de R$ 2 mil e que aceitou.

"Não tinha onde esconder aquela quantidade de armas, mas como estava com a chave da casa para manutenção da piscina, utilizei o imóvel e iria esconder por apenas 20 dias e deu no que deu", salientou Rios. Contudo, usava a casa para fazer churrasco e outras coisas. Ele afirmou também que trabalhava como chefe de segurança da família, pois, estava precisando de dinheiro.

O réu, Marcelo Rios também negou as acusações e destacou que jamais mandaria matar alguém, até por não conhecer o Paulo Roberto Xavier. No entanto, foi perguntado pela prória defesa se teria dito durante a sua prisão em 2019, a seguinte frase "com relação a morte do jovem, partiu do velho", porém, Rios negou a informação que foi anexada no relatório da força-tarefa da Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras). "Espero que façam justiça. Poderia ter negado sobre as armas, mas eu assumi. Então, eu, Marcelo, não fiz isso".

Acusados negam envolvimento no crime
Marcelo Rios durante o depoimento (Foto: Luiz Alberto)

O último acusado ser ouvido foi o Jamil Name Filho, o Jamilzinho. Ele começou o depoimento relembrando sobre o pai. "Meu pai faleceu no Presídio Federal de Mossoró (RN). Um homem de 82 anos, morreu falando sozinho. Não estou aqui para fazer teatro, estou para falar a verdade".

Indagado sobre as relações com Vlad e Rios, o réu informa que Marcelo era guarda da família e que Vlad trabalhava fazer serviços para o pai falecido e, depois passou a trabalhar como motorista. "Sempre fui caseiro, não saia muito de casa. Mas, precisava de pessoas para trabalhar para a família já que meus filhos moravam comigo, minha mãe e meu pai", disse Jamilzinho.

Acusados negam envolvimento no crime
Audiência tem forte policiamento (Foto: Luiz Alberto)

Sobre conhecer os executores, Zezinho e Juanil, Jamil Filho também afirmou não conhecer nenhum dos dois. Vale destacar, que José Moreira Freires, morto em confronto com policiais de Mossoró, na mesma cidade onde Jamilzinho está preso. E, Juanil Miranda Lima que continua foragido da Justiça desde 2019.

Por fim, Jamil contou que realmente havia uma briga com o advogado paulista, Antônio Augusto de Souza Coelho, por conta de terras que não haviam documentação, apenas escrituras. Mas, jamais mandaria matar o estudante, Matheus Coutinho Xavier.

(Vídeo: Marina Romualdo)

Julgamento – Foram ouvidos na segunda-feira (17) e terça-feira (18), as testemunhas de acusação – a delegada da Delegacia Especializada em Repressão a Roubos a Banco, Assaltos e Sequestros (Garras), Daniella Kades; o delegado que trabalhou na força-tarefa junto do Garras, Thiago Macedo; o delegado titular da Delegacia Esp. de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Carlos Delano; o pai de Matheus, Paulo Roberto Xavier “PX”; e o escrivão da PCMS, Jean Carlos e o delegado do Garras, João Paulo Sartori.

Na parte de defesa, realizaram oitivas o advogado Silvano Gomes Oliva (Jamilzinho Name), o cunhado de Vladenilson e policial civil aposentado; Wagner Louro da Rocha e o policial civil Mário César Veslaque  (Vladenilson Olmedo); e Eliane Benitez Batalha como testemunha de defesa do ex-marido, Marcelo Rios. Ela também havia sido arrolada como testemunha de Jamil Name Filho, e abriu mão do depoimento dela e mudou a versão dizendo que era tudo mentira.

Execução – O estudante, Matheus Coutinho, foi executado com fuzil calibre 762 na Rua Antônio Vendas, no Jardim Bela Vista, em Campo Grande. Os mandantes do crime foram  Vlade e Marcelo Rios, Jamil Name e Jamil Name Filho.

Os criminosos acreditavam que dentro da camionete estava o pai do jovem, que seria o verdadeiro alvo dos acusados.

Acusados negam envolvimento no crime
Matheus Coutinho Xavier foi morto por engano - (Foto: Arquivo/DD)

Operação Omertà – A Operação Omertá prendeu 19 pessoas, recolheu armas, telefones celulares, computadores, dinheiro e folhas de cheque. Entre os presos estão o empresário Jamil Name, o filho dele Jamil Name Filho, funcionários da família, policias civis, guardas municipais, militar da reserva do Exército, policial federal, dentre outros.

As investigações do Gaeco tiveram início em abril deste ano e foram instaurados com o fim de apoiar  o trabalho de elucidação dos homicídios de Ilson Martins Figueiredo, Orlando da Silva Fernandes e Matheus Coutinho Xavier, conduzido  pelo Garras desde 26 de Abril.

Desde então, as equipes do Gaeco e Garras desenvolvem trabalho em conjunto, o que propiciou, já em 19 de maio de 2019, a prisão de um dos integrantes da organização criminosa em poder de parte do armamento pertencente à mesma, sendo 2 fuzis AK 47; 4 fuzis 556; 11 pistolas 9mm dentre outros. As diligências que culminaram no encontro do armamento e prisão do membro da organização responsável pela sua custódia e administração contaram também com o apoio do Choque.

Com os 19 presos desta sexta-feira, foram apreendidas mais armas de fogo, munição, aparelhos celulares (inclusive aqueles conhecidos popularmente como "bombinhas"), computadores, documentos e aproximadamente R$ 160 mil, além de cheques em nome de terceiros.

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