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Trabalho no Fórum é mudança de vida para reeducandas de Campo Grande

Judiciário oportuniza a reinserção social destas mulheres que recebem remição de pena e salário

Sexta-feira, 10 Novembro de 2023 - 19:19 | Redação


Trabalho no Fórum é mudança de vida para reeducandas de Campo Grande
(Foto: Divulgação/TJMS)
Por meio de um convênio com o Conselho da Comunidade de Campo Grande, o Poder Judiciário de MS contrata reeducandas dos regimes aberto e semiaberto da Capital para atuar no Núcleo de Digitalização do Fórum de Campo Grande. 
 
De um lado, o judiciário oportuniza a reinserção social destas mulheres que recebem remição de pena e salário e, por outro, há o benefício do incremento na força do trabalho e economia aos cofres públicos.
 
A parceria em vigor desde 2019 emprega atualmente sete reeducandas que cumprem jornada de trabalho de segunda a sexta-feira. Cada uma recebe um salário mínimo, vale transporte e cesta básica, além de um dia de remição de pena a cada três trabalhados.
 
M. da S. M., de 34 anos, é uma das reeducandas contratadas para atuar no setor. Ela cumpre pena no presídio semiaberto feminino e recebeu a oportunidade como um presente, pois não concluiu o ensino fundamental e tão pouco tinha conhecimento de informática.
 
Mãe de dois filhos adolescentes, a reeducanda cumpre pena desde 2012 e esta foi sua primeira vaga de trabalho no sistema prisional com remuneração. Com o dinheiro, ela pode agora ajudar os filhos e está se organizando para conseguir o livramento condicional em breve e assim poder morar com eles, além de concluir os estudos.
 
Para aprender o novo ofício na digitalização de processos, ela conta que foi muito bem recebida pela equipe, contando com o apoio das colegas e da chefia para executar as tarefas. O ambiente acolhedor a motivou a continuar a trabalhar e pensar num futuro melhor. Seu sonho é cursar medicina, confessa. “Eu não preenchia os requisitos para este tipo de trabalho, então para mim é maravilhoso estar aqui. Entendo como um verdadeiro presente”, finaliza.
 
K. B. M. F., de 24 anos, cumpre pena em prisão domiciliar e antes do Fórum estava trabalhando em uma vaga para reeducandas na construção civil. O trabalho era muito pesado, ela teve alguns problemas de saúde e pediu a remoção para outro setor. O sentimento de estar hoje trabalhando no Fórum é de profunda gratidão, afirma.
 
Em contato com o juiz Albino Coimbra Neto, responsável por gerenciar o cumprimento de pena delas, a reeducanda conseguiu deixar o presídio aberto e há pouco mais de um mês foi para a prisão domiciliar. “O juiz conversa conosco e vai atendendo nossas necessidades, nos são ofertadas muitas possibilidades de cursos técnicos e todas temos algum benefício concedido por ele, além de nossa chefia que nos dá muito amparo e conselho. É uma grande oportunidade de recomeço”, enfatiza.
 
Ela também faz planos de seguir uma profissão da área de saúde. Faltando concluir o 3º ano de ensino médio, está vislumbrando a carreira na área de enfermagem.
 
Com a vontade de aprender, hoje, além de digitalizar os processos, K. B. M. F. e outra colega foram capacitadas para também fazer a categorização dos processos digitalizados. E para ela, trabalhar hoje no Fórum é um privilégio. “Estamos em um ambiente onde todas nos damos bem, temos o conforto do ar condicionado, mas é uma função que exige concentração e é uma responsabilidade grande o que fazemos” destaca.
 
Responsável pelo Núcleo de Digitalização do Fórum, a servidora Maria Aparecida Nazareno da Silva conta que a maioria das reeducandas é mãe, muitas delas mãe solo, e aproveitam a oportunidade de trabalho no Fórum, que além de ser num ambiente confortável – pois outras reeducandas estão empregadas em trabalhos pesados, gera  remuneração que as ajuda no custeio dos filhos.
 
Sobre os crimes que as levaram ao cumprimento de pena, Maria Aparecida conta que grande parcela se refere ao narcotráfico e condutas afins, algumas serviam de “guarda-roupa”, uma gíria utilizada para quem se dispõe a guardar a droga para os traficantes, já outras foram convencidas pelos esposos com a promessa de dinheiro fácil.
 
“No Fórum, o ambiente da equipe é de mudança de vida. O desempenho delas na digitalização”, afirma a servidora, “é muito elevado. As novatas vão aprendendo rapidamente com as colegas mais antigas e o grupo em si gera uma alta produtividade”.
 
Dos quase dois anos em que atua a frente do setor, a servidora conta que somente duas reeducandas precisaram ser desligadas da função por descumprir regras. De modo geral, elas apenas deixam o trabalho quando vão para o livramento condicional, dando espaço para que novas ocupem as vagas no setor que já chegou a empregar 12 reeducandas.
 
De acordo com o departamento de administração do Fórum, além da manutenção e prorrogação do convênio, a expectativa é de que o Tribunal de Justiça formalize novos contratos para destinar reeducandas a outras áreas do Fórum da Capital.
(Fonte: Assessoria de imprensa do TJMS)

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