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Sonho da maternidade: Realidade das mães da ocupação do Homex
Aos 39 anos,Tielly mãe solo de três filhos comenta sobre a rotina preocupante de criar os filhos em uma periferia
Domingo, 12 Maio de 2024 - 07:00 | Ian Netto
Neste domingo (12) comemora-se o Dia das Mães. Uma data que homenageia aquelas que desempenham um papel central em nossas vidas. É um momento para celebrar o amor, a dedicação e o esforço diário de todas elas. No entanto, a maternidade também é marcada por desafios complexos. A responsabilidade de gerar, cuidar, educar e amar, não é uma tarefa fácil. Com os percalços da vida, a maternidade é um processo que se estende pela vida toda.
Ser mãe é uma jornada repleta de alegrias, mas também de inúmeros obstáculos. Desde as mudanças físicas e emocionais na gravidez, até as noites sem dormir nos primeiros meses de vida do bebê. A responsabilidade de criar e educar uma criança pode ser extenuante, especialmente quando se equilibra o trabalho e a vida familiar.
Além disso, a pressão social e as expectativas relacionadas à maternidade podem tornar a experiência ainda mais desafiadora. Mães podem se sentir culpadas por não conseguir atender a todos os requisitos impostos pela sociedade ou até por não conseguirem tirar tempo para cuidar de si mesmas.
A realidade de Tielly de 39 anos, está longe de ser a maternidade dos sonhos. Mãe solteira de 3 filhos, ela se viu obrigada a mudar a sua vida com a maternidade. Realidade de mais de 17% dos lares brasileiros chefiados por mães solos, que vivem única e exclusivamente com a renda gerada por elas, o que torna ainda mais difícil o equilíbrio entre maternidade, vida profissional e vida pessoal.
Com os percalços da vida, Tielly tem vivido em prol dos seus filhos, fazendo o necessário para que os mesmos tivessem oportunidade de viver, passando por cima de problemas, escolhas pessoais e até mesmo abdicando dos momentos de lazer para construir um ambiente seguro em paz para os filhos. Moradora da Ocupação do Homex, foi lá que começou a transformar a vida da família. Depois de noites sem dormir pensando em quais soluções a vida poderia dar, decidiu pelos filhos ir fazer parte da ocupação a 7 anos atrás, tornando se uma das lideranças do movimento, assim como chefia sua família.
Entre as maiores dificuldades, Tielly relata que antes de chegarem na ocupação, a vida era sofrida. Ela relembra das vezes em que via seus filhos dormirem com fome devido à maldade do mundo. "Antes de vir pra cá, a gente morava de favor, de aluguel, mas mesmo eu ajudando na renda da casa a gente passava por cada coisa. Eu já vi meus filhos irem dormir com fome porque escondiam comida para gente não comer" relata Tielly.
Desde que chegou na ocupação, Tielly conseguiu construir uma casa para ela, onde reside com a filha mais nova. Os outros dois filhos também foram contemplados com uma residência própria, fruto do suor derramado da mãe, que mesmo com os desafios de viver em uma favela, conseguiu com que seus filhos tivessem moradia própria.
Mas a realidade de criar um filho na favela, não é fácil. Desassistidos pelo poder publico, Tielly relembra quando chegou até a ocupação, com os três filhos pequenos residindo em uma casa sem luz e sem agua, além das dificuldades com escolas e postos de saúde. A filha mais nova de Tielly segue firme com a vontade de mudar de vida, estudando no período da noite no Bairro das Moreninhas. Ela faz o trajeto de bicicleta até a escola, passando pelas BR durante a noite para concluir seus estudos.
A maternidade gerou em Tielly uma força para não parar e seguir em diante, mesmo com todos os problemas que rondam ser mãe, o amor pelos filhos é a força que a mantém de pé.
Com a alta da violência e o domínio das drogas, o cuidado com filhos precisou ser redobrado, exigindo ainda mais zelo, morando em uma ocupação, a preocupação com esse domínio expansivo das drogas causa temor nas mães da região, que buscam saídas para que os filhos não encontrem nas drogas, soluções.
"As drogas tomou conta do mundo, muitas mães sofrendo com os filhos nas drogas, muitas mães passando por lutas sem ter um olhar do poder público, muitas mães lutando para poder ajudar os seus filhos porque a droga é uma doença degenerativa e destrutiva" afirma Tielly.
Mesmo com tudo que ronda a maternidade, Tielly nao esconde o amor pelos filhos e abre um sorriso todas às vezes que se lembra dos momentos juntos. A vida da moradora do Homex não fácil, mãe solteira sem apoio paterno, preencheu o papel da paternidade mesmo com todas as dificuldades, abdicando de ser Tielly para ser mãe.
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