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Poesia escrita por imortal reverberou por anos devido ao fogo no Pantanal

Poeta Rubenio Marcelo participa da promoção especial que celebra os 14 anos do Diário Digital

Terça-feira, 01 Abril de 2025 - 07:50 | Redação


Poesia escrita por imortal reverberou por anos devido ao fogo no Pantanal
Rubenio Marcelo, imortal da ASL, escreveu poema exclusivo para o DD que reverberou com a persistência das queimadas (Foto: Marco Miatelo/Arquivo DD)

Neste 1º de Abril de 2025, quando o Diário Digital completa 14 anos de fundação, vale à pena relembrar um momento em que jornalismo e poesia se uniram em uma causa tão urgente quanto de amplo interesse da humanidade, as queimadas no Pantanal.

O ano era 2020 e chegado o momento de celebrar os 43 anos de criação do Estado não se podia ignorar o fogo que consumia hectares pantaneiros. A ideia foi usar a poesia para retratar a triste situação.

O Diário Digital procurou o reconhecido poeta  Rubenio Marcelo que escreveu o poema Elegia ao Pantanal  exclusivamente para divulgação no Diário Digital. Elegia ao Pantanal abordava o avanço das queimadas que devastavam o bioma.

Infelizmente, o fogo não cessou naquele ano de 2020 e continuou forte nos anos seguintes. Com isso, o poema seguiu reverberando por anos, tanto na palavra escrita, quanto declamado em vídeo.

As palavras escritas pelo poeta, imortal da Academia Sul-mato-grossense de Letras, foram várias vezes compartilhadas, sendo apontadas como um alerta preciso e retrato fiel da lamentável condição do Pantanal.

Atualmente, o Pantanal é alvo de várias ações locais e nacionais de preservação. No último lance, o governo estadual decretou "Estado de Emergência Ambiental” por 180 dias, como forma de antecipar à  temporada de incêndios florestais de 2025.

Em 2024, o Pantanal perdeu mais de 2,62 milhões de hectares para o fogo, segundo o  Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais (Lasa) da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).

Poesia escrita por imortal reverberou por anos devido ao fogo no Pantanal
Promoção do Diário Digital vai sortear sacolas de livros regionais (Foto: Luiz Alberto)

Imortais na sacola - Rubenio Marcelo é um dos escritores imortais da Academia de Letras Sul-Mato-Grossense que participam da promoção de aniversário do Diário Digital. O site está completando 14 anos de fundação neste 1º de Abril de 2025.

Como forma de celebrar a data, o site vai sortear sacolas cheias de livros de autores regionais (entre os quais Rubenio Marcelo) aos leitores do Diário Digital. A promoção corre nas redes sociais do veículo: Jornal Diário Digital e @diariogital. Acesse e participe. O sorteio será realizado no dia 24 de Abril.

Ao todo, 13 imortais participam da promoção, com algumas de suas obras de maior destaque. Nomes como Henrique de Medeiros, Sérgio Cruz, Raquel Naveira e Paulo Nolasco estarão nas sacolas de tesouros literários.

Elegia ao Pantanal -  Abaixo ouça ao poema Elegia ao Pantanal declamado em vídeo pela jornalista e editora-chefe do Diário Digital Valdelice Bonifácio.  Na sequencia, o poema pode também ser apreciado na palavra escrita.

Elegia ao Pantanal

No compasso do hostil mormaço
línguas vorazes
incandescentes
tisnam com lambidas encarnadas
as onduladas cortinas
e os verdes mantos suspensos
cravados em léguas sem réguas
de múltiplos mapas que desafiam horizontes…

línguas vorazes
sedimentando tristezas
lambendo arredores
ardendo dores
no chão assustado,
nos rios, nos sangradouros, nas baías e corixos,
nos campos e moitas,
nos bichos acuados,
nas matas e cerrados e nas plantas
em espasmos chamuscados de revoltas…

línguas vorazes
clareiras e lareiras
assinaladas por cortes a ferro e fogo,
chaminés de cifras sem licença prévia
tostando ares e hectares…
engolindo pontes
cortando os pulsos da aurora sucumbindo o azul dos voos e cantos alados
à revelia da razão,
tendo as vísceras da inclemência como guia…

línguas vorazes
com cascos e trotes de fúria
em colos de arrobas traiçoeiras
e alqueires de torcicolos ruminados em fornalhas
semeando focos de vertigens de toda laia
na carona dos ventos cifrados
em penúrias e gulas
intimando os arvoredos, viveiros e ninhais…

ah, línguas pungentes,
transpirações de lavas dos cânticos finais,
fagulhas de ímpetos corrosivos
mirando a cumeeira da piúva pantaneira:
onde a morada dos tuiuiús
era messe convidativa para sonhos inexplorados…

agora… apenas um vazio
um soluço adormecido… à míngua…
a flama nua… sem fama
a aridez insepulta
numa penumbra
implume… impune!

Rubenio Marcelo

 

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