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Poemas exclusivos celebram aniversário de MS
Versos inéditos de Rubenio Marcelo, feitos a pedido do Diário Digital, festejam os 43 anos do Estado
Domingo, 11 Outubro de 2020 - 10:00 | Redação

Neste 11 de Outubro de 2020, Mato Grosso do Sul completa 43 anos de criação. O Diário Digital foi em busca de celebrar a data poeticamente e para isso convidou Rubenio Marcelo, conhecido autor de vários livros de poesias, para transformar a data especial em poemas. O resultado são versos inéditos recheados de história, literatura e atualidades feitos sob medida para a ocasião.
Rubenio brinda os leitores com dois poemas "Ave, MS! … 43 Anos" e "Elegia ao Pantanal", ambos criações exclusivas para o Diário Digital. O primeiro é um banquete poético completo que evoca a imagem natural, história e diversidade do Estado. Há espaço ainda para um tributo a duas obras literárias representativas de MS Inocência, de Visconde de Taunay, e Camalotes e Guavirais, de Ulysses Serra.
O segundo poema retrata as queimadas no Pantanal em frases dramáticas que denunciam o sofrimento da flora e fauna. Trata-se de um grito contra a degradação do santuário natural que comove o mundo. Nos dois casos, os versos merecem ser lidos e relidos várias vezes. Só assim para captar o sentido além da superfície das palavras. "O poema tem que dizer as coisas nas entrelinhas", explica o autor.
Rubenio se define como um poeta voltado à essência do ser humano e menos aos regionalismos. Mesmo assim, os versos em homenagem a MS têm a profundidade de quem conhece as minúcias do chão onde pisa e, mais, sente afeto pela terra expressado de forma profunda e sensível.
Os poemas estão no DNA de Rubenio. Sua mãe fazia poesias populares quando a família vivia em Fortaleza. Contudo, o filho tratou de aperfeiçoar o dom vindo da genética, segundo ele, "com muita transpiração". É autor de 13 livros e três CDs. É membro da Academia Sul-Mato-Grossense de Letras (Cadeira nº 35), da qual é o atual secretário-geral, além de vencedor em várias premiações, inclusive nacionais.
Recentemente, uma nova e inesperada conquista colocou seu trabalho e evidência. Um de seus livros, o “Vias do Infinito Ser”, lançado em 2017 pela editora Letra Livre, foi indicado pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) como leitura obrigatória para o Vestibular 2021.
"Um dia o telefone tocou. Uma amiga queria saber se eu tinha o livro porque uma aluna dela precisava ler para o vestibular. Eu disse, como assim vestibular?", relembra. "Só aí soube que a obra estava na relação dos livros obrigatórios", completa. A lista tem obras de autores como Machado de Assis, Lima Barreto, Cecília Meireles, Guimarães Rosa e outros medalhões.
Honrado com a escolha, Rubenio disse ter ficado muito satisfeito pelo fato de a UFMS ter prestigiado a literatura regional e o gênero poesia. Para ele, o o livro foi escolhido para figurar na seleta lista porque convida o ser humano a refletir sobre seu crescimento em mensagens atemporais e que estão em perfeita sintonia com o momento atual. "Atravessamos um período propício para refletirmos sobre nosso amadurecimento", analisa.
Por conta da escolha da obra pela UFMS, Rubenio passou a ser solicitado para palestras on-line. Quase todos os dias, ele participa de lives nas quais debate o livro com professores e estudantes. Além de poeta, escritor e compositor, Rubenio é também advogado. No meio de tantas atribuições, ele aceitou o convite para produzir os poemas inéditos em homenagem ao aniversário do Estado. O resultado é digno de suspiros poéticos. Leia abaixo:
Ave, MS!… 43 anos
movimentos, prélios e conquistas
singram o coração da história
destes horizontes, seivas e paisagens…
e quantos sonhos plurais,
caminhos e descobertas
em aliados destinos sedentos de auroras
pulsam nestes altiplanos e planícies além-limites…
de ressurgentes sinas e sinais,
a natureza, o concreto, ritmo e sentidos
destas palavras de terra e de vida…
a face das evocações grafadas na alma,
a placenta dos gorjeios da linguagem,
o abrigo dos rizomas
destes versos-estatutos da existência…
os equilíbrios dos pontos cardeais
dos tratados das pedras e das águas
entre trilhos azuis e edificações,
– o essencial e o estético –
vêm destes serrados… dos pastores…
dos galpões e estâncias… sagas ervateiras,
de montes e sertões confidentes,
de guia retirada em estratégia,
das altivas etnias e resistências,
das imigrações… jazidas e pantanais…
das lúcidas utopias… da miscigenação…
destas searas de en/cantos de Taunay
[chão de Inocência]
e de Ulysses, serras, rios, ‘camalotes e guavirais’…
ah, estrela dourada de nova constelação,
geografia natural dos ancestrais da essência
de gerações, têmperas, identidades e seres
coesos em diversidade,
pertencimento e cidadania
na esfera indivisa e no ventre
desta jovem pátria-lugar:
Mato Grosso do Sul!
Rubenio Marcelo

Elegia ao Pantanal
No compasso do hostil mormaço
línguas vorazes
incandescentes
tisnam com lambidas encarnadas
as onduladas cortinas
e os verdes mantos suspensos
cravados em léguas sem réguas
de múltiplos mapas que desafiam horizontes…
línguas vorazes
sedimentando tristezas
lambendo arredores
ardendo dores
no chão assustado,
nos rios, nos sangradouros, nas baías e corixos,
nos campos e moitas,
nos bichos acuados,
nas matas e cerrados e nas plantas
em espasmos chamuscados de revoltas…
línguas vorazes
clareiras e lareiras
assinaladas por cortes a ferro e fogo,
chaminés de cifras sem licença prévia
tostando ares e hectares…
engolindo pontes
cortando os pulsos da aurorasucumbindo o azul dos voos e cantos alados
à revelia da razão,
tendo as vísceras da inclemência como guia…
línguas vorazes
com cascos e trotes de fúria
em colos de arrobas traiçoeiras
e alqueires de torcicolos ruminados em fornalhas
semeando focos de vertigens de toda laia
na carona dos ventos cifrados
em penúrias e gulas
intimando os arvoredos, viveiros e ninhais…
ah, línguas pungentes,
transpirações de lavas dos cânticos finais,
fagulhas de ímpetos corrosivos
mirando a cumeeira da piúva pantaneira:
onde a morada dos tuiuiús
era messe convidativa para sonhos inexplorados…
agora… apenas um vazio
um soluço adormecido… à míngua…
a flama nua… sem fama
a aridez insepulta
numa penumbra
implume… impune!
Rubenio Marcelo
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