Locutores e diretores da Rede MS destacam profissionalismo de Miltinho

Locutores de rádio e diretores da Rede MS relembraram a dedicação de Miltinho Viana, mais conhecido como Cowboy do Rádio, à comunicação em Mato Grosso do Sul e destacaram seu profissionalismo. Miltinho Viana faleceu nesta segunda-feira, 4 de Novembro, aos 63 anos, no Hospital da Cassems, em Campo Grande, onde estava internado para tratamento de um câncer no pâncreas. 

Com sua voz marcante, Miltinho fez companhia a centenas de pessoas ao longo de seus mais de 35 anos dedicados ao rádio. Radialista por paixão, foi na Rádio FM Cidade 97 que Miltinho construiu sua carreira, à frente de programas que marcaram a vida dos ouvintes. Nos últimos anos, o Cowboy do Rádio comandava dois programas diários, trazendo alegria, reflexão e muita música para seus ouvintes fiéis.

Para seus colegas de trabalho, que conviviam diariamente com a presença de Miltinho, o que fica é a saudade dos bons momentos e o aprendizado com o profissionalismo do Cowboy do Rádio.

Foi ao lado do Cowboy do Rádio que Ariel Marco ficou conhecido. A dupla comandava a "Hora da Sofrência", que embalou as tardes dos sul-mato-grossenses. Ariel era responsável pela produção e sonoplastia do programa e afirma que aprendeu muito trabalhando com Miltinho.

"Eu tive esse privilégio, nesses últimos anos, de produzir as vinhetas do programa 'Hora da Sofrência', que muita gente lembra. Eu gravava as vozes ali e produzia todo o material. Então foram dez anos de muito aprendizado com ele, e eu fazia parte também daquela entrega final diária. Foram anos que marcaram, com certeza, a minha vida", conta Ariel.

Entre as memórias que restam, Ariel se lembra do trabalho filantrópico que Miltinho desempenhava com muito orgulho.

"Nas enchentes que ocorreram no Rio Grande do Sul, ele, juntamente com amigos e muitas outras pessoas, fez uma campanha muito bonita, na qual arrecadaram 12 toneladas de alimentos, por iniciativa dele, para enviar pra lá. Então, ele tinha esse trabalho muito bonito, né? Filantropia, além de toda a alegria que ele trazia para todo mundo aqui no rádio", conta o radialista.

Ariel ainda destaca o orgulho que sente por ter dividido durante todo esse tempo a mesa ao lado desse grande ícone do rádio.

"É muito bom quando você admira uma pessoa e, de repente, você consegue trabalhar com ela. Esse é o meu caso com ele", relata.

Lembranças de infância - Já para a radialista Fábia Siqueira, Miltinho foi o responsável por sua carreira como locutora. Ela relembra os momentos da infância ao lado do Cowboy do Rádio, grande amigo de seu pai, Gernival Siqueira.

"Ele era muito amigo do meu pai, e eu era pequena ainda. Tive a oportunidade de ter contato com o rádio logo cedo, por conta dele influenciando meu pai também no rádio, e a partir daí tive essa referência. O Miltinho é uma referência de comunicador, de radialista, de ser humano, e posso dizer que ele faz parte da influência na minha vida no rádio hoje", conta Fábia.

Fábia atualmente comanda o programa "Melhor da Cidade", que antecedia os programas de Miltinho na Rádio FM Cidade. Entre suas memórias do saudoso Miltinho, ela se lembra dele com seu chapéu, sua fivela e seu sorriso, esperando-a encerrar o programa para dar início à "Hora da Sofrência".

"Sempre que eu terminava o meu horário, que saía do estúdio, ou estava encerrando, o Miltinho estava chegando. Com aquele jeito cowboy dele, né? Bota, chapéu, alforje, sempre com um sorriso, sempre com alegria no coração, e isso ele deixa marcado na gente", relata a locutora.

Com a partida do Cowboy do Rádio, Fábia afirma que o que fica é o vazio para os ouvintes.

"Vai ser desafiador ligar o rádio na Cidade 97 e saber que você não vai ter aquele amigo, aquele companheiro naquele horário", conta Fábia Siqueira, emocionada.

Transmissões cheias de alegria - Para Ulysses Serra, Diretor Executivo da TV MS Record, Miltinho fazia parte da família. No ar há mais de 30 anos, com suas transmissões descontraídas e cheias de alegria, Ulysses conta que acompanhava o Cowboy do Rádio desde seu nascimento.

"Conheço o Miltinho desde que nasci. Ele trabalha com a gente há mais de 30 anos. Miltinho faz parte da família e faz sucesso não só no rádio, mas em todo lugar que passa", afirma Ulysses.

Sobre a falta de Miltinho no rádio, Ulysses conta que o estado todo sentirá sua ausência.

"Para o rádio, ele vai fazer muita falta. Sabemos que fará falta para toda a população de Campo Grande, e para todos os que o acompanhavam no estado inteiro, na verdade. Ele é um ícone do nosso estado, uma voz extremamente marcante, o Cowboy do Rádio", relata Ulysses.

Miltinho, além de radialista, foi vereador por dois mandatos em Campo Grande e sonhava em se eleger novamente nas eleições de 2024. Esse foi um dos motivos de seu afastamento das transmissões este ano. Ademar Nunes, que assumiu seus horários na Rádio FM Cidade, conta que, em suas conversas com Miltinho, o Cowboy do Rádio manifestava o desejo de voltar para as transmissões.

"Eu assumi os horários dele, e logo que saiu a notícia do câncer, ele mesmo me mandou uma mensagem pedindo para segurar as pontas, que ele queria voltar para o rádio", conta Ademar.

Com mais de trinta anos de amizade, Ademar se lembra dos churrascos no "Quintal do Miltinho", sempre com muita alegria, muita música e longas conversas sobre o futuro.

"Na casa dele havia um local de eventos chamado 'Quintal do Miltinho'. Então, todo sábado e domingo tinha churrasco, moda de viola, muita risada, muita conversa sobre o futuro... vai fazer muita falta", afirma Ademar.

Miltinho, que era devoto de Nossa Senhora, marcava as manhãs dos ouvintes com sua oração forte, sempre pontualmente às 6 horas da manhã. Com sua perda, fica um vazio. Para Sérgio Caçula, Gerente da Rádio FM Cidade, as ondas do rádio ficam mais tristes a partir de hoje.

"Vai haver um silêncio. A rádio de Mato Grosso do Sul fica um pouco carente com a falta do Cowboy do Rádio, mas ele deixa um legado muito importante para a gente", conta Sérgio.

Funeral  - O locutor Miltinho Viana será sepultado no Cemitério Parque das Primaveras, em Campo Grande (MS), nesta terça-feira, dia 5 de Novembro, às 10h da manhã. O funeral começa ainda nesta segunda-feira, dia 4, no mesmo cemitério a partir das 20h. O Parque das Primaveras fica localizado na Avenida Senador Filinto Müller, 2211, no Jardim Parati, nas proximidades do Lago do Amor.