Faculdade EAD cabe em qualquer época da vida

18, 34 e 65. Essas são as idades de Jennifer Sthefany Rodrigues Azevedo, Déborah Portilho da Silva e Rodolfo Fernandes Barbosa, respectivamente. Eles são de gerações diferentes, não se conhecem, mas estão em busca de seu grande sonho pelo mesmo caminho, o EAD, para fazer uma graduação.

Jennifer Sthefany estuda Direito. Deborah, Letras.  Rodolfo cursa Educação Física. Os três são moradores de Campo Grande (MS) e estudam na Uniderp. A jovem dedica-se à faculdade e ao trabalho em uma cafeteria. Deborah é mãe e trabalha como professora substituta. O veterano Rodolfo é pai de seis, avô de sete, e trabalha na manutenção de uma escola de tênis.  

A rotina é apertada para os três acadêmicos. Mas, se formar é uma meta que não pode ser abandonada. Então, eles se organizam para cumprir as atividades durante o dia e estudar, principalmente no período da noite.

Cansados? Sim! Mas, motivados pela oportunidade que se abriu on-line e permitiu encaixar a faculdade em suas vidas. É claro que alguns desses cursos têm atividades presenciais que precisam ser cumpridas. No caso de Roldolfo, por exemplo, ele precisa cumprir quatro aulas presenciais (é o chamado curso semipresencial) de Educação Física.

"É preciso ter fé, coragem e disposição. A batalha é árdua, mas farei o que estiver nas minhas forças. Não tenho medo de sonhar alto e planejar algo nesta vida, pois acredito que Deus me ajuda", diz Rodolfo.

Esta é a primeira faculdade dele. A vontade de voltar a estudar após tantos anos surgiu em seu próprio trabalho. Ao observar a movimentação na escola de tênis, ele se imaginou fazendo atividades de educação física com os alunos do local. A partir daí, não teve dúvidas, buscou uma faculdade.

Ele passou no processo seletivo da Uniderp e já está concluindo o primeiro dos quatro anos da graduação semipresencial. "Admito que os trabalhos são difíceis, mas eu peço ajuda e tenho conseguido", menciona.

Rodolfo continua trabalhando oito horas por dia. A rotina é de preparar as quadras de tênis, arrumar as mesas, as cadeiras, organizar os materiais, trocar lâmpadas e outros serviços. Ao final do expediente, ele se debruça nos estudos.

Quando não tem aulas presenciais, está sempre diante do notebook ou do telefone celular para estudar e fazer as atividades, sem negligenciar nenhuma disciplina. Nos fins de semana, fica ainda mais corrido.

O acadêmico de Educação Física tem seis filhos e sete netos, e não se permite descuidar da família. Está sempre muito bem inteirado dos acontecimentos. E, evangélico praticante, também não se descuida da fé, frequentando os cultos com regularidade.

Rodolfo tem prazer em estudar diante da família, pois sabe a influência que tal atitude pode causar sobre sua descendência. "Toda família me apoia e me ajuda. Os netos ficam admirados com minha coragem. Mas, este é um incentivo que dou a eles para nunca pararem de estudar", detalha.

Déborah se sente um espelho para o filho de 13 anos - Ser um exemplo para os descendentes também é uma motivação a mais para Déborah Portilho. A mamãe de Rafael Bryam, de 13 anos, retomou o sonho de se formar em Letras e fica satisfeita em ter o menino pertinho dela enquanto estuda.

"Eu sou um espelho para ele, pois ao me ver estudando, o Rafael percebe que tem que estudar também", afirma diante do garoto que acrescenta orgulhoso: "Eu até ajuda ela a procurar as respostas de algumas perguntas."

Dentro de casa, a dupla é muito sintonizada, segundo a mãe. "Eu chego do trabalho, organizo a casa, e vou estudar. Ele faz o mesmo. Às vezes, estamos no mesmo cômodo. Rafael também é muito compenetrado. Ele não me atrapalha em nada", assegura.

Déborah já fez uma graduação em Direito, sendo bacharel atualmente, mas nunca abandonou o sonho de estudar Letras, diante do amor pela Literatura e da vocação para lecionar.

"Já estou em sala de aula como professora substituta (trabalho que é supervisionado). Estou me realizando", revela. A faculdade é totalmente on-line. Déborah afirma que não vê diferença entre a primeira formação em Direito que foi presencial e a atual on-line.

Ela se diz igualmente motivada e não tem dúvidas sobre a qualidade do estudo EAD. "Tudo depende da dedicação do acadêmico e também do suporte que é oferecido. A nossa turma tem professor à disposição no Whats, por exemplo, sempre interagindo. Nunca me senti fazendo o curso sozinha", atesta.

Déborah também já recorreu a outros caminhos como e-mail e foi respondida em suas dúvidas. "Além do mais, estou me testando na prática. Sei que estou tão preparada para ministrar uma aula com qualidade, quantos os professores que se formaram presencialmente. Eu me sinto muito segura", enaltece.

EAD atraiu 81% dos alunos de licenciatura - Alias, Déborah não tem qualquer razão para se sentir sozinha entre os que buscam licenciaturas em cursos à distância. Isso porque no Brasil, eles são muitos. O Censo da Educação Superior divulgado em 2023 pelo Ministério da Educação  revelou que dos 789,1 mil alunos ingressantes em cursos de licenciatura em 2022, 81% foram na modalidade de ensino à distância. 

Nas instituições privadas, como é o caso da Uniderp, 93,7% dos alunos de licenciatura que ingressaram foram nessa modalidade. O Censo também mostrou que, nos últimos quatro anos, o número total de vagas oferecidas em cursos presenciais caiu 11% e as vagas em cursos a distância aumentaram 139,5%. 

O número de cursos oferecidos a distância cresceu 189,1% no período. Dos 4,75 milhões de estudantes que ingressaram em cursos de graduação no Brasil em 2022, 3,1 milhões foram na modalidade EaD e outros 1,6 milhão na modalidade presencial.

O Censo da Educação Superior mostrou ainda que o número de cursos na modalidade ofertados no Brasil aumentou 700% em dez anos, saindo de 1148 em 2012 para 9.186 em 2022.

Constatada a explosão na quantidade de cursos, o governo federal iniciou um planejamento para regular o setor e garantir a qualidade no EAD. No início de Junho, o MEC  suspendeu a criação de novos cursos de graduação à distância, bem como novas vagas e polos. A medida vale até Março de 2025.  Segundo o MEC, “a decisão é parte do processo de revisão do marco regulatório da educação a distância.”

Enquanto isso, a jornada de Déborah no ensino on-line continua. Ela já está entrando no último semestre de Letras e gosta de se aperfeiçoar, não descartando continuar os estudos EAD. Além de professora substituta, a acadêmica é também uma Youtuber. Em seu canal, divulga dicas preciosas de literatura. Ela mantém também atividades na rede social.  Assista vídeo abaixo:

Jennifer Sthefany quer advogar a favor do meio ambiente - O sonho da estudante de 18 anos é gigante. "Eu sou apaixonada por biologia e sinto um grande dever de proteger nosso meio ambiente, tanto a fauna quanto a flora, e vejo que no Direito terei o poder para lutar por isso", afirma.

Egressa de uma escola pública da periferia de Campo Grande, a menina sempre sonhou em se formar, mas seus pais não tinham condições de pagar uma faculdade para ela. Foi aí que ela conquistou algo além do esperado, uma bolsa de estudos na Uniderp, através da Fundação Manoel de Barros -- uma organização sem fins lucrativos que visa a promoção da arte, cultura e assistência social desenvolvendo atividades para todas as idades.

Estudiosa e talentosa, Jennifer Sthefany ficou em 1° lugar no 7° Concurso de Redação ‘Um passeio com o Manoel’, realizado pela fundação em 2023. "Com certeza foi um momento que marcou minha vida, eu fiquei tão feliz e surpresa, foi uma momento maravilhoso!! O meu prêmio foi uma bolsa de 100%, e eu tive um leque de cursos para escolher qual eu queria", disse.  

Porém, ela ainda não sabia qual curso escolher. A diretoria da Fundação providenciou para que Jennifer conversasse com os coordenadores dos cursos para conhecer melhor as possibilidades diante dela. "Escolhi o Direito, um curso que até então, eu não tinha pensado antes, mas a cada aula tenho mais certeza da minha escolha", diz a jovem acadêmica.

Jennifer tem uma rotina puxada. Trabalha oito horas por dia na cafeteria. No restante do tempo, se dedica aos estudos presenciais e on-line. A faculdade em modelo híbrido, ou semipresencial, é fundamental para que ela consiga se organizar e manter-se nas duas atividades. Correria que ela mantém com otimismo. 

"Eu sou muito grata por tudo que estou vivendo. Tenho muitas expectativas sobre meu futuro, e me vejo alcançando através dessa nossa ferramenta universal e tão poderosa, a educação", resume a estudante. 

Jennifer se considera uma felizarda por ter o apoio de seus familiares nesta jornada para se tornar uma advogada com atuação ambiental.

“Desde meus estudos na escola eles me apoiam, foram meu porto seguro durante todo esse processo, e sou muito grata a eles”, reconhece a jovem.
 

Reitor da Uniderp faz gradução EAD - Cristiano Miranda Cupertino chegou a um posto almejado por muitas pessoas que apreciam a vida acadêmica, o cargo de reitor de uma universidade. Ele é o tipo de executivo que não se cansa de estudar. Formado em Jornalismo, fez várias pós-graduações em áreas diversas do conhecimento e agora está cumprindo uma nova graduação em Administração.

Com tantos afazeres em sua corrida rotina como reitor, ele escolheu a modalidade EAD da Uniderp para cursar a nova faculdade. "Além de não ter como incluir uma faculdade presencial em meu dia a dia, não seria bom que o reitor da faculdade estivesse em sala de aula. Então, optei pelo EAD. Dessa forma, eu mesmo tenho condições de avaliar nosso ensino on-line. Posso dizer que estou muito satisfeito", afirma.

Conforme Cristiano, todas as aulas podem ser avaliadas pelos alunos. Avaliações essas que são diariamente monitoradas pelo corpo administrativo da faculdade. Além disso, segundo ele, todo ambiente virtual precisa ter suporte para os alunos, o que até por questões regulatórias não pode ser negligenciado.

O reitor se confessa defensor dos benefícios do ensino EAD. "Essa modalidade ajuda na democratização do ensino. Com ela, temos acessibilidade e inclusão, pois chega a localidades remotas. Ela permite flexibilidade, personalização do aprendizado, além de revisitar o conteúdo", enaltece.

‘EAD não é ensino segunda classe’, diz reitor - Para Cristiano, o ensino EAD é a porta necessária para quem não conseguiria se fazer presente em uma sala de aula, mesmo porque, em muitos casos, é mais acessível economicamente. "E ao contrário do que dizem os mal informados, o EAD não é educação de segunda classe", afirma.

O reitor faz tal afirmação se apoiando em dados do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade) de 2022. "Naquela ocasião, os alunos da modalidade EAD tiveram 40,21% de acertos nas questões de formação específica. Já o pessoal do presencial teve 39,78%", pontua.

Além dos indicadores de qualidade serem muito próximos, a taxa de permanência também é semelhante. "As nossas avaliações aqui na instituição apontam que a evasão é muito parecida nas duas modalidades", atesta.

Vale mencionar também que o diploma de uma graduação a distância não pode ser discriminado, pois é tão válido quanto o diploma obtido em curso presencial. Inclusive, não pode haver nada no documento que diferencie o curso realizado entre presencial ou à distância. O documento é igualmente aceito em concursos públicos, por exemplo.

O decreto do governo federal n° 5.622, de 2005, em seu Artigo 5º diz que "os diplomas e certificados de cursos e programas a distância, expedidos por instituições credenciadas e registrados na forma da lei, terão validade nacional.”

Mercado de trabalho para todos - Para os entrevistados desta reportagem, a graduação conquistada em EAD ou semi-presencial não será empecilho para ingressar no mercado. Segundo eles, o ensino à distância "está cada vez mais comum", atraindo "cada vez mais estudantes."

Os acadêmicos não temem enfrentar desconfianças dos empregadores. Pelo contrário, pretendem provar o valor de quem faz o curso à distância. Segundo eles, a experiência no EAD obriga o estudante a ser mais organizado, disciplinado e ter atitude, qualidades que podem ser úteis a qualquer empresa.

"Eu não tenho medo de nada. Há espaço para todos, acadêmicos do EAD ou presencial. No mercado de trabalho, a gente pode até se ajudar", acredita Rodolfo. Outro ponto mencionado por eles é que o estudante EAD aprende a lidar com ferramentas de tecnologia, também muito necessárias na atualidade. 

Falando em tecnologias, o ensino EAD é o endereço certo para encontrar cursos que respondam às novas necessidades do mercado, conforme o reitor Cristiano. Com base em análises de mercado que são feitas periodicamente pelo Departamento de Inteligência de Mercado da Instituição foram abertas novíssimas graduações on-line, tais como Tecnologia em Blockchain, Criptomoedas e Finanças na Era Digital, Cibersegurança, Coaching e Desenvolvimento Humano, entre outros.

"O mundo está sempre se transformando, as profissões também. O universo EAD é muito adaptável ao novo e mais democrático e inclusivo, como já mencionei", reitera Cristiano.

'Aluno EAD é mais exigido', analisa professor - O professor especialista em educação à distância Jeferson Pistori, diretor da UCDB Virtual (outra importante instituição na oferta de graduações online), gravou entrevista exclusiva para o Diário Digital na qual ele comenta sobre a qualidade do ensino EAD no Brasil. Ele também pondera sobre a necessidade de os alunos EAD quebrarem antigos paradigmas de aprendizagem.

Outro ponto abordado é a portaria MEC que suspendeu a criação de novos cursos EAD no Brasil até 2025, já citada anteriormente nesta matéria. A decisão considerada polêmica pelo setor é vista de forma positiva por Pistori que enxerga nela uma possibilidade para, segundo ele, “diferenciar o joio do trigo.”

Vestibular online - As universidades citadas nesta matéria já adotam o chamado vestibular on-line. Essa modalidade de exame oferece as mesmas comodidades do ensino EAD. O candidato faz avaliação de onde quiser, sem precisar sair de casa. Mas, as regras aplicadas em um vestibular presencial também valem para essa alternativa, como o tempo limite para responder todas as questões.

A vantagem dessa forma de ingresso realizada a distância é que o vestibulando não precisa se preocupar com o trânsito ou mesmo com atrasos, já que a prova é 100% virtual e pode ser realizada no conforto do lar, o que pode aumentar ainda mais a concentração para conseguir uma boa nota. Agora, vem a pergunta da atualidade, como se preparar para um vestibular on-line?

Para auxiliar na resposta a esta questão, o Diário Digital reproduz cinco dicas do Pravaler -- uma plataforma de acesso e soluções para o ecossistema de educação -- para se ter em mente antes de fazer a prova. Confira abaixo:

Tenha um bom equipamento - É necessário garantir um equipamento que o candidato consiga terminar a prova sem perrengues, além de ser imprescindível para os estudos prévios à realização. É importante pesquisar sobre requisitos técnicos mínimos, isso vai facilitar a vida de quem busca um computador para fazer a prova de forma simples e prática, sem problemas técnicos dificultando o processo.

Verifique seus arredores antes de iniciar a prova - É muito importante checar a conexão da internet e quaisquer outros detalhes que podem comprometer o desempenho durante o exame antes de começá-lo. Isso porque, uma vez iniciada, a prova não poderá ser pausada e o candidato não poderá deixar a frente de sua webcam. Por isso, um local livre de distrações e tranquilo é ideal para a realização da prova. 

Atenção ao cansaço ocasionado por telas - O brilho das telas de computadores e dispositivos provocam cansaço nos olhos quando utilizados por longos períodos. O ideal, portanto, é que você  evite consumir conteúdo na internet nas horas antecedentes à prova, combatendo não apenas o cansaço dos olhos, mas também o mental.

Atente-se ao tempo de prova - Apesar de muitos vestibulares on-line oferecerem maior flexibilidade em relação a quando começar a avaliação, o tempo de duração se mantém fixo e equivalente à modalidade presencial. Portanto, é preciso ficar atento aos prazos e horários estabelecidos pelo exame. 

Familiarize-se com o teste antes - Uma das maiores vantagens do vestibular online é a familiaridade com seus arredores, então porque não estender essa vantagem à própria prova? Tente fazer as avaliações anteriores e, se a universidade disponibilizar simulados no software do vestibular para teste prévio, faça-os.

Equipe Diário Digital

Reportagem e edição: Valdelice Bonifácio

Fotografias: Luiz Alberto

Apoio logístico: Bartolomeu Filho e Jurimar