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Com sonho da casa própria há décadas, moradores do Carandiru não têm para onde ir

Construtora Degrau Ltda. e Poder Público têm o prazo de 90 dias para decidir o futuro de mais de 40 famílias

Quinta-feira, 13 Julho de 2023 - 10:52 | Thays Schneider


Com sonho da casa própria há décadas, moradores do Carandiru não têm para onde ir
Famílias vivem em situação precária Foto Luciano Muta)

Morando há mais de 15 anos,  no Residencial Atenas, conhecido como Carandiru, no Bairro Mata do Jacinto em Campo Grande , famílias temem pelo pior e afirmaram não terem para onde ir. A construtora Degrau Ltda juntamente com o poder público tem o prazo de 90 dias para construir um plano de readequação  as mais de 40 famílias que moram no prédio inacabado.

A defesa civil esteve no local e concluiu que  o imóvel não está apropriado para moradia. A estrutura é frágil, blocos inacabados e corre o risco de desabar. Processo entre a construtora Degrau e os moradores do Carandiru já dura 10 anos.

Reportagem do Diário Digital foi até o prédio ocupado e viu de perto a situação  dos moradores. Apartamentos inacabados, sem rede de anergia elétrica e sem água encanada famílias sobrevivem de “Gambiarras” 

Com uma Hérnia umbilical e sem poder trabalhar, o morador Eraldo Moraes, 55 anos, sobrevive de doações. " Ninguém quer viver assim correndo o risco de ser despejado a qualquer momento, mas não temos outra escolha, minha profissão é guarda noturno, mas quem vai dar emprego para uma pessoa doente que vive com dores, mal posso andar. Só tenho o que comer pois minha mãe ajuda na alimentação, de seis em seis meses o Cras distribui cesta básica para as famílias", explicou.

Famílias do Carandiru temem despejo
Eraldo Moraes, 55 anos morada no prédio há 15 anos (Foto Luciano Muta)

Eraldo continua dizendo que a esposa faz uso de insulina e depois da invasão policial a luz foi cortada, o remédio precisa ficar na geladeira. " Minha luta maior agora é com minha companheira de vida, ela precisa tomar insulina três vezes ao dia sem luz, preciso correr atrás de água gelada longe daqui e colocar o remédio em isopor", lamentou.

A catadora de reciclagem, Lediane de Arruda 41 nos, é a primeira moradora do local, ela conta que reside no prédio há 19 anos e que nunca a prefeitura procurou os moradores para propor outra moradia. " Na minha casa moram cinco pessoas e na pandemia perdi meu emprego de doméstica e hoje sobrevivo de reciclagem com meu esposo. O aluguel é caro, precisa de calção, não temos esse dinheiro, mal temos para alimentação. "Meu sonho é ter a casa própria um lugar para chamar de meu, depois da invasão a prefeitura pediu para fazer nossos cadastro na  Amhasf (Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários), mas infelizmente demora anos para ser contemplado com um imóvel", finalizou.

Famílias do Carandiru temem despejo
Catadora de reciclagem, Lediane de Arruda 41 nos é a primeira moradora do local (Foto Luciano Muta)

A reportagem procurou a prefeitura de Campo Grande que em nota explicou “Agência Municipal de Habitação e Assuntos Fundiários esclarece que este caso trata-se de ocupação de imóvel particular, cuja reintegração de posse foi judicializada, não sendo parte nos autos. Esclarece ainda que, não tem conhecimento de todos os fatos e não foi intimada para prática de nenhum ato relativo ao referido empreendimento, sendo certo que, por se tratar de ação judicial, se manifestará em momento oportuno. A Agência irá iniciar um estudo de caso sobre a situação no local”.

OPERAÇÃO-A Polícia Civil de Mato Grosso do Sul (PCMS) deflagrou na manhã desta terça-feira, 06 de junho, Operação em condomínio residencial na região do bairro Mata do Jacinto, conhecido como “Carandiru”, para cumprimento de mais de 40 mandados de busca e apreensão de produtos de furto, armas ilegais de fogo e até drogas. A ação foi denominada “Abre-te Sésamo” e é realizada na Capital.
 

 

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