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AACC/MS abre Cápsula do Tempo e relembra as incertezas da pandemia

Reencontro com o passado trouxe à tona a emoção e a fé na jornada de cura

Sábado, 26 Abril de 2025 - 11:10 | Redação


AACC/MS abre Cápsula do Tempo e relembra as incertezas da pandemia
(Foto: Divulgação)

A Casa de Apoio da Associação dos Amigos das Crianças com Câncer (AACC/MS) foi tomada pela emoção com a abertura de uma cápsula do tempo que permaneceu enterrada por cinco anos no jardim da instituição nesta quarta-feira, dia 23 de Abril. A iniciativa, que reuniu crianças, mães e colaboradores em 2020, foi criada em um dos momentos mais difíceis já vividos na casa: o enfrentamento conjunto do câncer infantojuvenil e da pandemia de Covid-19.

“A ideia da cápsula surgiu porque, naquela época, estávamos lidando com dois grandes desafios. O câncer, que por si só já assusta, e a pandemia, que trouxe ainda mais receio para todos nós”, lembra Rosângela Machado, coordenadora e assistente social da AACC/MS.  Com as brinquedotecas fechadas, o trabalho voluntário suspenso e parte da equipe atuando remotamente, a ideia da cápsula surgiu como uma forma de projetar o futuro e preservar os sentimentos daquele tempo. 

“Colocamos cartas, desenhos, máscaras, luvas, coelhinhos de Páscoa, porque não conseguimos fazer a festa, mas espalhamos patinhas pela casa como símbolo de esperança. Queríamos, de alguma forma, trazer flores para aquele jardim que vivia um tempo de medo”, conta Rosângela.

 

AACC/MS abre Cápsula do Tempo e relembra as incertezas da pandemia
(Foto: Divulgação)

Foram guardadas cerca de dez cartas, escritas por pacientes, mães e funcionários. A abertura, inicialmente prevista para o dia 8 de abril, foi adiada para garantir a presença de Matheus, um dos assistidos que participaram da criação da cápsula. Agora com 17 anos, ele esteve na AACC/MS ao lado da mãe, Glícia Soares, e representou muitos dos que viveram aquele período.

“É preciso ter fé. O câncer infantojuvenil tem cura. Meu filho chegou aqui com 12 anos e hoje faz apenas exames de rotina. Viver tudo isso e estar aqui agora é uma grande vitória”, disse Glícia.

A emoção foi compartilhada por todos. “Nem lembrava o que eu tinha escrito. Mas lembro da carga emocional daquele tempo. A gente tinha medo de levar o vírus para a Casa de Apoio, medo de alguma criança aqui pegar Covid. Era muito difícil. Algumas mães até comentaram: ‘Que pena que meu filho não vai participar dessa história, porque a história dele foi diferente’. E é verdade. Por isso sempre digo: vamos fazer o hoje, porque o amanhã a gente não sabe”, reforçou Rosângela.

AACC/MS abre Cápsula do Tempo e relembra as incertezas da pandemia
(Foto: Divulgação)

Ao final do reencontro, ficou a lembrança de um tempo difícil, mas também a certeza de que o cuidado, o acolhimento e a esperança seguiram firmes, mesmo nos dias mais incertos. “A doença ainda é cercada por muito tabu, muitas vezes vista como sinônimo de morte. Mas hoje, com diagnóstico precoce, já alcançamos 70% de cura”, concluiu Rosângela, lembrando que o caminho da superação também é feito de memórias, coragem e fé no futuro.

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