Economia
Secretária de Energia da Argentina diz que gasoduto no país será pago pelo BNDES
Brasil já tem histórico de empréstimos aos países vizinhos e levar calote
Domingo, 18 Dezembro de 2022 - 18:16 | R7
A secretária de Energia da Argentina, Flavia Royon, afirmou durante um almoço com empresários, em Buenos Aires, na última segunda-feira (12) que o país portenho garantiu um financiamento de US$ 689 milhões junto ao Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a executar a segunda etapa do gasoduto Presidente Néstor Kirchner, ao norte da Patagônia.
Ao R7, porém, o BNDES não confirmou a liberação de recursos. "O governo argentino, por meio de sua embaixada em Brasília, e empresas brasileiras entraram em contato com o BNDES e com o Ministério da Economia em consulta sobre eventual financiamento à exportação de bens brasileiros. Não há, entretanto, pedido formal de financiamento protocolado no BNDES", informou o banco.
A reportagem também pediu posicionamento à Embaixada da Argentina em Brasília e, até a publicação desta matéria, não obteve retorno. O espaço segue aberto para manifestações.
O gasoduto fica na região de Vaca Muerta, a segunda maior reserva de gás de xisto do mundo e a quarta maior em óleo de xisto. Extraído da rocha de xisto betuminoso, o óleo é um combustível de alto poder energético e uma opção em relação aos óleos combustíveis derivados do petróleo.
Histórico de levar calote dos vizinhos
A liberação de recursos do BNDES para obras em outros países, principalmente os vizinhos da América Latina, sempre foi motivo de críticas no Brasil, devido à inadimplência nos contratos. Durante os governos dos presidentes Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT), empréstimos concedidos pela instituição brasileira para obras em Cuba e Venezuela chegaram a R$ 10,9 bilhões.
Os dois países, no entanto, estão sem pagar as prestações do contrato desde 2018. A dívida de Cuba e da Venezuela com o BNDES alcançou, em 2021, R$ 3,5 bilhões. A quantia seria suficiente para construir mais de 850 hospitais no Brasil.
Segundo informações no site do BNDES, Cuba recebeu R$ 3,4 bilhões (US$ 656 milhões) em desembolsos e mantém saldo devedor de R$ 2,3 bilhões (US$ 447 milhões). As prestações em atraso a serem indenizadas são 13, as quais não foram pagas nem mesmo depois de tentativas de acordo.
Fazem parte dos contratos de financiamento as obras de ampliação e modernização de Porto Mariel (divididos em 5 contratos); a construção de uma planta para produção de soluções parenterais de grande volume e soluções para hemodiálise e modernização e ampliação do Aeroporto Internacional Jose Marti, em Havana.
Para a Venezuela, o desembolso foi de R$ 7,8 bilhões (US$ 1.506 bilhão) e o saldo devedor é de R$ 1,2 bilhão (US$ 235 milhões). As prestações em atraso, a serem indenizadas pelo FGE (Fundo de Garantia à Exportação), chegam a 42. Já as prestações em atraso já indenizadas são 510.
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