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Manoel Afonso

Manoel Afonso é um dos principais colunistas políticos de Mato Grosso do Sul. Também é advogado, mas há mais de 20 anos dedica-se exclusivamente ao jornalismo.

Novas Câmaras: mudam o que mesmo?, por Manoel Afonso

'Vereança proporciona visibilidade social e até melhora o status. '

Sábado, 20 Abril de 2024 - 13:00


Novas Câmaras: mudam o que mesmo?, por Manoel Afonso
(Foto: Arquivo/DD)

A MISSÃO: Transferir prestígio é difícil. Exemplos de tentativas fracassadas podem ser encontradas nas eleições de todos os níveis. JK foi ótimo presidente, mas não elegeu o Marechal Lott; Pedro Pedrossian viu seu candidato Zé Elias perder para governador e Wilson Martins apostou suas fichas em Ricardo Bacha, que perdeu para Zeca do PT.

RAZÕES: Desde o perfil do candidato, os tropeços na campanha, a fadiga do apoiador e até mesmo o currículo do adversário vencedor. E nas eleições paroquiais conta muito a imagem do candidato, que não pode ficar exclusivamente na sombra do ‘padrinho’ apoiador. Sem luz própria ‘vai para o beleléu’, sem choro e sem vela. 

PUCCINELLI:. Reeleito em 2.000, elegeu Nelsinho prefeito em 2004 e 2008 – em 2006 se elegeu governador e reeleito em 2010 – em 2012 apoiou Giroto, derrotado – em 2014 apoiou Nelsinho ao Governo, derrotado por Reinaldo – em 2016 apoiou Rose à prefeitura e perdeu – em 2018 perdeu com Jr. Mochi ao Governo – em 2020 perdeu a eleição para prefeitura da capital com Marcio Fernandes – em 2022 André disputou e perdeu a eleição ao Governo.

RESSACA: Esses insucessos do MDB provocaram perdas de prefeituras, deputados e vereadores. Hoje o partido projeta eleger ao menos 20 prefeitos. Missão difícil, levando-se em conta que a sigla comanda apenas as prefeituras de Dois Irmãos, Brasilândia, Coronel Sapucaia, Bataguassu e Rio Brilhante. Mas na política tudo é possível.

VEJA BEM:  O caso de Puccinelli, é exemplo de desgaste por motivos notórios. Sua última vitória pessoal foi em 2010 na reeleição ao Governo.  Depois disso foram 6 derrotas entre pessoais e apoiamentos, na disputa pela prefeitura da capital e ao Governo Estadual. Hoje, pelas suas falas contraditórias ainda é incerta sua candidatura.

HOLOFOTES: Atraem pretendentes nos diferentes cenários. Uns carentes de reconhecimento público; outros por espaço no poder para ajudar a comunidade. No afã de concretizar seus sonhos, enfrentam desafios que a candidatura exige na campanha: visitas, sorrisos, abraços, cafezinhos e tentativas de interação com a população.

ARMAS: No fundo, só os tons de vozes diferem. Os slogans parecidos: ‘Defensor do povo, vigilante do bairro, sentinela da saúde, moralização da gestão pública, fiscal do dinheiro público, guardião da educação, patrono dos carentes, dos sem teto, sem água, esgoto, asfalto, placas de rua, iluminação pública. São imprescindíveis no manual do candidato.

PERFIS: Longe de enveredar pela generalização que abastece o anedotário do folclore político, é de reconhecer que há muita gente de valor e também aqueles sem o devido preparo para a missão. Pela falta de autocrítica, são esses últimos que ganham espaço na mídia e ofuscam injustamente a imagem do legislativo municipal como um todo.

ELEITOS, E AGORA?  Reivindicações, críticas e elogios a administração. Sem faltar   títulos de cidadania, votos de louvor, de pesar, declaração de visitante ilustre, diplomas de honra ao mérito, comendas, são ações inerentes a atividade parlamentar que atraem a simpatia e votos. Impossível fugir desse rol de atribuições. Tentar reinventar a roda é pior.

FAZ PARTE:  É natural que todo o vereador sonhe em ser prefeito. Alguns até com consciência de seu potencial, reconhecem suas limitações diante dos desafios inerentes ao cargo. Outros mais preparados, vão se articulando, ganhando espaço na mesa diretora como trampolim de seu projeto rumo ao Executivo.

DICAS: Aos futuros candidatos à vereança é oportuno alertá-los das atribuições constitucionais do cargo com vínculos a Constituição Federal, Constituição Estadual, Lei Orgânica do Município e ao próprio regimento interno da Casa. Portanto, além das boas intenções é imprescindível maior intimidade com essas legislações.

BONUS & ÔNUS:  Vereança proporciona visibilidade social e até melhora o status. O vereador é visto com outros olhos. É o peso da função. Dele, é exigida postura diferenciada. Na outra ponta, vão ocorrendo os desgastes ao não atender aqueles pedidos costumeiros de emprego, socorro financeiro e outros favores.

CONCLUSÃO: Na capital, no interior, cria-se expectativa sobre pré-candidatos à vereança. Às vezes peca-se ao supervalorizar o potencial deles, ignorando as atribuições limitadas da Câmara. Cabe exclusivamente ao Executivo legislar sobre algumas matérias.  Nem sempre o bom cidadão consegue exercer o mandato satisfatório.  Política tem disso.

INGRATIDÃO:  O experiente deputado Jr. Mochi fazendo observação pertinente ao colunista. Nas campanhas  há candidatos a vereança que pedem ajuda financeira aos deputados e senadores com a promessa de retribuir com apoio. Eleitos, esquecem a ajuda recebida e dois anos depois exigem dinheiro alto para pedir votos para esses doadores.  É o fim da picada.

ATENTO: O deputado Zé Teixeira (PSDB) não se vergou a fala de Lula  para adquirir terras destinadas aos índios. Na tribuna da Assembleia ele citou várias fazendas invadidas pelos indígenas, com os donos expulsos das terras sem receberem indenização do Governo e até agora não tiveram apoio político e nem da justiça.

OUTROS TEMPOS:  O leitor vai se lembrar: FHC ganhou do dialeto dos petistas o vocábulo ‘Viajando Henrique Cardoso’ pelos motivos óbvios. Agora, em menos de um ano e meio de governo, Lula já esteve no exterior pela 16ª. vez. Mas ‘curiosamente’ é chamado pela cumpanheirada de estadista. É rir ou chorar.

PROCURA-SE: A escolha do candidato a vice-prefeito passa por critérios para se evitar erros. A regra número um é que o escolhido ao menos não atrapalhe na campanha. Quanto ao perfil, o ideal é que seja do ramo político. Essa balela de escolher empresário é utopia. Iniciativa privada é uma coisa. Gestão pública é outra.

‘ANIMAIS’:  Na visita ao ministro Renan Filho (Transportes), o deputado Pedrossian Neto (PSD) ficou impressionado com o interesse dele em reestudar a ideia de reativar a Malha Oeste e o ramal Capital-P. Porã. Para Pedrossian, o olhar de Renan é marcado pelo pragmatismo do político alagoano que enxerga mais do que os técnicos burocratas. Aliás, a ’Ferrogrão’ ligando Sinop (MT) a Mirituba (PA) sairá do papel graças a visão do ministro Renan, um ‘animal político’.

 VOLTA POR CIMA?  Quem viu, relatou lá no saguão da Assembleia Legislativa. O ex-prefeito e anunciado pré-candidato a vereança na capital Marquinhos Trad (PDT) esteve curtindo a última edição da ‘Expô’. A todo instante era parado por populares e ao seu estilo dispensava toda atenção aos mesmos, inclusive com direito a ‘selfies’.

O JOGO:   O deputado Zeca do PT não tem do que reclamar. Ativo nas sessões da Assembleia –  está à vontade. Elogia o Governo Federal, faz ameaças veladas ao Governo Estadual e até critica quando não é atendido. Até aqui, apenas o deputado Zé Teixeira tem contestado seus argumentos na tratativa de alguns temas, especialmente nas questões indígenas e da Reforma Agrária.

RESUMO DA ÓPERA:

“Em terra de cego quem tem um olho foge do rei. ”  (Millôr Fernandes)

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