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Veruska Donato

Veruska Donato é jornalista e apresentadora do Balanço da Manhã. No Diário Digital, ela assina a coluna Sala de Trabalho.

Dívida e emprego, o que tem a ver? Tudo!

97% da população economicamente ativa tinha alguma inadimplência no início do segundo trimestre de 2022

Terça-feira, 19 Julho de 2022 - 15:52


Dívida e emprego, o que tem a ver? Tudo!
Veruska Donato é apresentadora do Balanço da Manhã e colunista do Diário Digital (Foto: Divulgação)

Você acha que não? É porque nunca ficou desempregado com os credores à sua porta querendo receber, ou estava ganhando tão pouco no atual emprego que dava para usar a expressão : “pagando prá trabalhar”

Uma pesquisa feita pela pela empresa MGC – de recuperação de crédito – descobriu que 97% da população , em abril, estava inadimplente. Isso mesmo! Repetindo, 97% da população economicamente ativa tinha alguma inadimplência no início do segundo trimestre de 2022. Os dados são uma combinação dos números da Serasa Experian com informações da própria companhia – que tem hoje acesso a 37,7 bilhões de CPFs. Os executivos da MGC acham que a tendência é de que esse não pagamento das dívidas continue até o fim do ano e com crescimento dos inadimplentes.

E o que isso tem a ver com o mundo do trabalho? Quando a gente tem dívida em atraso aceita qualquer vaga que apareça, pagas as contas, descobre que está no lugar errado, na hora errada e que está tudo errado. Azar do empresário que te contratou e gastou para treinar, você vai mesmo dar o fora, receber as verbas rescisórias e partir para novas dívidas. Não há nada pior para o mercado do que trabalhador que não se compromete, que é desleixado e que se limita a fazer apenas funções para as quais foi contratado. Alguém que arruma um emprego só para limpar o nome é capaz disso. 

Ruim também quando a pessoa tem um cargo, mas o salário falta na hora de pagar tudo o que ela deve. Aí mora aquele bicho que te pica de vez em quando, o da preguiça, o da angústia, e o da beira do desespero. Você corre e pede ao patrão mais tarefas, horas extras, projetos e advinha? 

Como o objetivo é pagar dívidas você vai acumular em excesso e entregar mais ou menos porque a cabeça está preocupada com a data da conta que está chegando, ou do dia de pagar aquele dinheiro emprestado. 

Cair na besteira de pedir aumento ao chefe por causa de nome sujo é um dos erros mais fatais do mercado de trabalho.  Patrão nenhum precisa saber que você não consegue pagar o que deve, mas salários mais altos requerem mais responsabilidades e foco, e como ter os dois em alguém que deixou as contas atrasarem a ponto de entrar no cadastro de inadimplentes?  

Melhor mesmo é não associar um e outro, emprego e capacidade de pagar dívidas. O ideal é planejar e ver o quanto pode comprometer sem se embananar todo, e deixando sempre uma margem da grana para alguma emergência, o gás de cozinha que acaba, o filho que tem febre e a conta da farmácia aumenta, o reajuste da diarista. É como dizem, o seguro morreu de velho.

Fale com a colunista: Veruska Donato está à disposição para receber comentários e observações sobre as colunas neste e-mail: [email protected] .

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